A minha review à minha mais recente aquisição Roland TD-3KW.
Esta bateria tem os seguintes componentes:
TD-3 Percussion Sound Module x 1
PDX-8 V-Pad x1
PD-8 Dual-Trigger Pad x 3
CY-5 Dual-Trigger Cymbal Pad for Hi-Hat x 1
CY-8 Dual-Trigger Cymbal Pad x 2
KD-8 Kick Trigger Pad x 1
FD-8 Hi-hat Control Pedal x1
Não sei até que ponto é ou não complicado de montar a Roland TD-3KW uma vez que comprei a minha usada. Como tenho um carro grande não precisei de a desmontar.
Verifiquei, no entanto, que é fácil de a tornar pequena o suficiente para que seja fácil de ser transportada por uma só pessoa sem ser necessário separar as peças todas. Além disto, é uma bateria construída com materiais leves mas, e a julgar até agora, bem resistentes.
Vamos por partes:
O módulo (TD-3 Percussion Sound Module), da bateria é muito fácil de ser usado. Como tem poucos botões e as configurações apesar de muitas são iguais para todos os pads, acaba por ser muito fácil e mesmo intuitivo usar o módulo mesmo nas acções de maior configuração do nosso kit.
O módulo TD-3 vem equipado com 32 kits predefinidos de fábrica, que por sua vez englobam um total de 114 sons diferentes que podemos usar livremente.
O módulo tem 10 entradas para pads (excepção a 1 entrada que é específica para o pedal dos pratos-de-choque), e de fábrica só vem uma entrada livre. Esta entrada apesar de ter o rótulo de “cymbal” podemos perfeitamente lá ligar um pad de percussão/tom uma vez que neste mundo do digital o que importa é que som ou sons assignamos àquela entrada.
Os sons na generalidade são bons e tem pelo menos um kit (e as respectivas samples independentes), para os principais estilos musicais.
Tem metrónomo configurável consoante a velocidade e compasso que queremos tocar. Além disto tem sons diferentes para o click o que é positivo porque, quanto a mim, sempre o mesmo som torna-se irritadiço para quem está com o “click” nos ouvidos por muito tempo.
Uma função útil que este módulo tem é o Coach. Esta função permite-nos praticar acima de tudo a estabilidade ritmica com recurso a 2 ou 3 exercícios diferentes. Realçaria o exercício onde é possível visualizar se nos estamos a adiantar ou atrasar em relação ao tempo. Gostei do metrónomo e das suas funções, acho que ficava perfeito se tivesse memórias para o utilizador guardar algumas configurações para tornar mais rápida cada utilização.
Num outro campo, como o módulo tem poucos botões, é muito fácil configurar todas as peças e é relativamente rápido de construirmos o “nosso kit”.
O módulo possui um entrada de jack para ligarmos um leitor de MP3/CDs/etc., para podermos tocar por cima da música ou sample (excelente para play-alongs). Possui saídas para amplificação em formato jack que pode ser ligado em stereo ou mono consoante os cabos ligados. Tem um saída para headphones e, obviamente, uma entrada e uma saída midi.
A tarola (PDX-8 V-Pad), é para mim a “cereja” desta bateria. É uma tarola de 10” em formato normal com pele mesh de muito boa qualidade. Tem 6 lugs de afinação da tensão desejada. Infelizmente não podemos mudar o pitch da tarola através dos lugs, mas de qualquer maneira, o recurso de podermos afinar a tensão da mesh é muito útil porque permite afinar de forma a que o ressalto seja idêntico ao que temos na tarola acústica (caso exista). O trigger da pele é muito bom e têm uma excelente dinâmica.
A juntar a isto, a tarola possui ainda um aro trigado para o rimshot. Este rimshot é configurável e podemos assignar um som ao rim sem ser típico, ou seja, podemos ter um cowbell a servir de rimshot.
O bombo (KD-8 Kick Trigger Pad), tem pouco assunto para se falar.
Tem uma área de trigger suficientemente grande para quem quiser usar pedal-duplo e a área de prisão do pedal é igualmente larga para abranger vários designs de pedais.
A borracha utilizada do pad e a maneira como está colocada transmite muito bem o feelling de um bombo acústico. O trigger é bem sensível e na sua configuração máxima de sensibilidade capta toques com muito pouca força aplicada, ou seja, é bom para se captar batidas de elevada velocidade e de pouca força.
Apesar de não ter um sistema de fixação ao chão perfeito, cumpre o seu trabalho e quando montado numa base (tapete), onde seja possível cravar os espigões, o bombo fica mais estável. Quando totalmente estável fica um “grande” bombo.
Os pads dos toms (PD-8 Dual-Trigger), são pads de borracha normais. Tem uma borracha de boa qualidade e a sua dinâmica standard é muito boa, mas isto aplica-se praticamente a todo o kit/peças.
Os pratos sempre foram, e continuam a ser mas em menor escala, o lado que me faz torcer o nariz às digitais.
Os pratos de choque têm a grande vantagem de terem o design de um prato. Neste caso específico, os pratos-de-choque são constituídos por um só prato e um pedal que controla a abertura e fecho do som.
O prato (CY-5 Dual-Trigger Cymbal Pad for Hi-Hat), que serve como “pratos-de-choque” é mais pequeno que os outros (tem 10”), mas têm igualmente 2 zonas de sensibilidade.
Estas zonas são a borda e o interior da superfície do prato. Basicamente representam a edge e a cup de um prato.
Actualmente ainda estou a tentar encontrar o ponto certo de configuração da sensibilidade do prato, estando ao mesmo tempo a adaptar-me a um prato que não tem claramente o mesmo tipo de “captação” dos toques de um pratos-de-choque a sério. Por mais sensível que seja o trigger, este jamais conseguirá transmitir a dinâmica que os meus pratos-de-choque verdadeiros me dão, como tal, estou em processo ainda de adaptação.
Claro que este prato da Roland permite sem qualquer dúvida tocar “pratos-de-choque” normalmente, com dinâmica, com alguns toques mais suaves, etc., mas ainda lhe falta qualquer coisa para estar no ponto. Admito, no entanto, que esteja a ser exigente demais.
O pedal de controlo do prato-de-choque (FD-8 Hi-hat Control Pedal), faz o seu trabalho. Abre e fecha o som e como tem um ajuste de força e sensibilidade para o pedal, faz bem o seu trabalho sem requerer grande adaptação do utilizador.
Os pratos livres/crash/ride (CY-8 Dual-Trigger Pad), têm igualmente duas zonas sensíveis e no mesmo esquema do prato-de-choque (edge e corpo). No caso do ride, para além das duas zonas ainda temos o pormenor de obtermos o som da cúpula (o ping) do prato se tocarmos com um pouco mais de força do corpo do prato (na zona de dentro). Isto admito que era um dos meus medos era os rides não terem ping, mas fiquei altamente satisfeito quando comecei a tocar e o ping estava lá. São pratos de 12".
Uma das grandes vantagens das duas zonas de sensibilidade é o facto de, p.ex., no mesmo pad/prato termos o som de 2 pratos distintos, ou seja, eu tenho o som de um crash e de um china no mesmo prato. Coloquei o som do crash na edge e o china do corpo do prato. No ride tenho na edge um outro crash e assim, em termos de setup, tenho 2 crash, 1 ride e 1 china tudo metido em dois pads/pratos da TD-3.
No futuro talvez compre mais um pad/prato CY-8 e então aqui colocarei certamente um splash e, porque não, um cowbell!!
Em termos de prós e contras, dividiria assim:
Prós:
- Leveza e resistência do material
- Módulo muito fácil de ser usado e com opções suficientes para um utilizador mais exigente
- A tarola – o design, o rimshot e a opção de afinação da tensão
- Os pads dos pratos (CY-8), com duas zonas independentes de sensibilidade dão muita versatilidade sonora ao utilizador
- O bombo e alguns dos sons de bombo
- O desenho do pad do prato-de-choque (CY-5) ser em formato de prato e não um pad normal
Contras:
- A sensibilidade dos pratos-de-choque (estou a ser exigente, mas considero ainda um contra das digitais)
- O módulo não ter entrada/saída USB para ser possível actualizarmos ou editarmos no PC os sons de maneira a transformá-los realmente nos sons que queremos
No geral fiquei muito satisfeito com a compra e pelo que tenho lido, ou mesmo testado, para o preço limite de 1.000 euros esta é provavelmente uma das melhores apostas que existem no mercado actualmente. Não é perfeita quer a nível de toque quer a nível de sons, mas já é uma bateria muito fiável, agradável e motivadora de trabalho para o utilizador.
Quero salientar algo que já foi mais que debatido aqui no fórum, as baterias digitais não são silenciosas e os pads fazem barulho e neste aspecto a Roland TD-3KW não é excepção. Permite perfeitamente tocar em casa durante o dia ou durantes as horas normais em que o barulho não é incomodativo para os vizinhos, mas no período de silêncio não aconselho ninguém a usá-la.
(todas as imagens foram retiradas do site oficial da Roland)