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Não lido Sex, 4 de Dezembro de 2009   #1
Jorge Cardoso
 
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Bateria - Noções básicas

Ora boas malta! Como este magnífico site é populado por colegas, desde aquele que mal sabe montar os pratos de choque, até aquele que parece ter quatro braços e quatro pernas, aqui fica um contibuto da minha parte, para os iniciados da bateria e que muito embora sem ilustrações, nomeadamente pautas, símbolos ou figuras musicais próprias para este maravilhoso instrumento, servem penso eu, de algum modo, para que os iniciados interiorizem o "bater" do coração, que é tocar bateria.
Este post será publicado em partes, devido ao seu tamanho, que à medida que o for aqui colocando, peço desde já aos Administradores, que os vão aglutinando num assunto só, à semelhança do que aconteceu ao que eu fiz relativamente ao NWOBHM. Gracias


Autor: Olaf Stein. Fonte:revista publicada pela Naumann & Gobel Verlagsgesellschaft mbH, pertencente à VEMAG Verlags- und Medien Aktiengesellschatft, Emir-Hoffmann-Str. 1, 50996 Colónia, Alemanha.

Bateria - Noções básicas

O baterista de uma banda produz o ritmo que é a base para todos os géneros musicais. O elemento mais importante na execução da bateria é a alternância entre o bombo grave e a tarola aguda em sequências de batidas múltiplas e diversificadas. Quase tão importante é também a execução de rufos e rudimentos nos toms. Para além disso, o baterista produz também diversos efeitos, que os especialistas costumam denominar de fills. Como conclusão, não podemos deixar de referir a importância da bateria para o ritmo e o groove.

Os instrumentos de percussão fazem parte dos instrumentos mais antigos da história da humanidade. Certamente os homens da pré-história já batiam em ossos, pedras ou troncos, ficando fascinados com o resultado sonoro obtido. Este impulso é inato e até uma criança pequena, quando encontra um pau, vai tentar produzir sons e, entusiasmada com o resultado, repeti-lo-á várias vezes. Mesmo sendo baterista iniciado, podes já executar muito rapidamente e com pouca preparação, ritmos simples e, dessa forma, acompanhar inúmeras músicas. Os povos da Antiguidade atribuíam poderes mágicos aos tambores ou utilizavam-nos para transmitir mensagens (“tambores falantes”). É por isso que alguns ritmos servem como substituição de determinadas palavras. Esta é a razão por que a execução da bateria exerce um fascínio e provoca a admiração em muitas pessoas.

COMPONENTES:
Bombo: O bombo ou o tambor maior, é o elemento central da bateria. Tem uma função tão importante como a tarola porque é o instrumento que, na maior parte das vezes, produz o beat. Com ele crias a cadência dos teus padrões rítmicos em combinação com os outros instrumentos. Na parte inferior encontram-se apoios reguláveis e em cima, suportes para os timbalões suspensos.

Do lado do público encontra-se a pele de ressonância, também denominada pele frontal. Na maior parte dos casos encontra-se aí o logótipo do fabricante. A pele de percussão não é visível para o público, encontrando-se na parte posterior do bombo. Na maior parte das vezes é colocado material de atenuação: esponja ou tiras em feltro.

O pedal é muito importante para o baterista. Desde pedais macios até muito rígidos, podes encontrar um pouco de tudo no mercado. Mesmo as macetas, ou batentes, podem ser revestidas com materiais duros ou macios. Também existem pedais duplos que pressupõem precisão e coordenação.

Hi-hat: o hi-hat ou prato de choque,também é accionado com os pés. Tem três variantes diferentes de percussão: o baterista pode accionar o hi-hat aberto com o pé durante a batida; pode também colocar o pé no pedal, pressionando o prato superior contra o inferior, e bater no hi-hat superior “fechado”; a terceira variante consiste em bater no prato superior fechado soltando-o de imediato, libertando o pedal.

Os dois pedais (o pedal para o hi-hat e o pedal do bombo), têm de estar ao mesmo nível formando um ângulo aproximado de 90º. As pernas devem chegar “confortavelmente” ao “seu” pedal. O banco também tem de estar à altura correcta. A regra fundamental é a seguinte: a coxa e a parte inferior da perna devem formar um ângulo de 90º; deves também estar sempre sentado com uma postura descontraída e estável.

Tarola: a tarola é posicionada (com a cinta, ou bordoeira – aquela rede que produz a vibração característica – para baixo!) ao centro com alguma distância em relação às tuas pernas. Deve ficar um pouco mais elevada do que as coxas. Quando a montares, não te esqueças de que o pedal do bombo tem de estar sempre ao alcança do pé direito, (isto para bateristas direitos. Para canhotos, o conjunto será logicamente montado ao inverso). É melhor deixar mais espaço do que menos!

Timbalões: Para ser correcto, os timbalões deveriam sempre ser chamados tom-toms. Estespodem estar suspensos lateralmente num suporte ou fixos na parte superior do bombo. Há ainda o timbalão de chão, que se coloca lateralmente atrás do bombo (tendo como referência, a perspectiva visual do baterista). Por vezes é necessário fazer aderir um pouco mais a pele de ressonância dos timbalões para os atenuar. Os timbalões devem estar ao mesmo nível. Também o timbalão de chão e a tarola têm de estar sensivelmente ao mesmo nível.

Pratos: os pratos ou címbalos, devem estar a um nível que permita a sua fácil percussão. O ride é posicionado do lado direito do timbalão de chão, sendo os crashes posicionados entre o timbalão e a tarola por detrás do hi-hat. De novo e logicamente a perspectiva a considerar é a da visão do baterista e caso seja direito ou canhoto, dependendo do caso.

Os pratos têm várias categorias:
Crash ou prato livre;
Hi-hat ou prato de choque;
Ride ou prato de andamento;
China ou prato chinês, (costuma ser invertido);
Bell e outros pratos de efeitos diversos.

Baquetas (drumsticks): as baquetas são as ferramentas mais importantes para a tua existência como baterista. A sua oferta é quase ilimitada. Há inúmeros modelos em madeiras e materiais diversificadas. Cada baqueta tem as suas vantagens e desvantagens, adaptando-se de forma diferente à mão e indo reagir de maneira diversa na bateria. Relativamente a este assunto, o principal é que a prática suplante a teoria. Por isso, vai experimentando. Cada um tem as suas preferências. Contudo, para que não acabes por adquirir demasiadas baquetas inadequadas, chamamos a tua atenção para as seguintes considerações:

Materiais: o material mais utilizado é a madeira e desta o hickory ou nogueira. As baquetas fabricadas com este tipo de madeira são resistentes sem deixarem contudo de ser leves.

As baquetas em bordo ou maple são ainda mais leves e permitem executar rebounds mais rápidos. Contudo, estas não são tão resistentes.

As baquetas em carvalho, oak, são bastante pesadas, sendo por isso muito resistentes e especialmente adequadas para o hard-rock. O mesmo se aplica às baquetas em palissandro ou rosewood.

Há ainda baquetas em carbono, plástico ou em alumínio. As mais utilizadas são no entanto, as baquetas em hickory ou maple.
Formas especiais das baquetas: as vassouras de jazz são maioritariamente fabricadas em metal. As “cerdas” encontram-se dentro de um tubo, podendo ser extraídas do mesmo. Quando deslizam sobre os pratos, produzem o whischsound típico do jazz.

As varas ou rods são compostas por varetas muito finas de madeira unidas. As varas tentam conjugar as vantagens das vassouras de jazz com as baquetas convencionais. Elas dão contenção e suavidade à tua execução (tal como as vassouras), mas também uma sensação de execução das baquetas de tambor. São especialmente utilizadas na salsa e na música latina.

Pontas das baquetas: Também a selecção da forma da extremidade da baqueta é um critério importante para quem está a iniciar a sua carreira como baterista.

Algumas baquetas possuem uma extremidade ou cabeça, ou ponta, em forma esférica ou de bola, que se adequa especialmente bem no início, dado que o ângulo da batida não tem importância para a execução e permitem a obtenção de um som correcto e uniforme.

As baquetas com ponta em forma de barril, destinam-se a uma execução sonora e poderosa.

Também as baquetas com ponta em forma de bolota são indicadas para a execução de música sonora e pesada; contudo, a tonalidade obtida com a utilização desta forma nos pratos é no entanto um pouco mais límpida.

As baquetas com ponta em forma de azeitona ou lágrima, requerem um bom domínio de execução, dado que o ângulo de batida pode influenciar o som obtido. Um agudo produz uma tonalidade suave, mas límpida. Um ângulo obtuso produz um som alto.

Modelos e designações: O n.º da baqueta indica o respectivo perímetro. Quanto maior for o seu n.º, menor será o perímetro. A inicial indica a sua finalidade de utilização:


S – Street applications

Estas baquetas são robustas, resistentes e de grande volume. Inicialmente eram utilizadas em exibições de rua e ao ar livre, para bateristas em marching bands.


B – Band applications

Concebidas para a utilização em bandas, estas baquetas têm um diâmetro menor. Contudo, dado que as baquetas possuem a necessária capacidade de imposição dentro de uma banda, são as mais recomendadas para os iniciados.


A – Acoustic applications

Estas baquetas possuem um diâmetro reduzido e são concebidas para a execução suave e colorida nas orquestras sinfónicas.


Acessórios diversos: No início é importante praticar todas as técnicas na tarola ou num pad de treino. O pad é uma placa de borracha que pode ser independente por si só, ou ser colocada na pele do tambor, provocando uma forte redução da pressão de percussão e que te permite praticar por mais tempo. Mas acima de tudo, possibilita-te escutar e controlar melhor se as batidas da tua mão esquerda e direita são uniformes e sincronizadas (in time). Tocar bateria tem muito a ver com autocontrolo. Mas tem paciência contigo próprio!!

Recomenda-se a utilização de uma bolsa para as baquetas. Convém teres também várias chaves para os parafusos dos tambores e peles de substituição.

O metrónomo é também muito importante. O controlo permanente da tua execução através de um metrónomo (apesar de às vezes se tornar enervante) é a única maneira que te permite estabilizar o teu andamento. Assegurar um andamento regular é crucial para um baterista.

Notação: Antes das notas de percussão encontra-se habitualmente uma drum key. É um símbolo que te indica qual é o instrumento que deves tocar. Em vez da clave musical tradicional é utilizada uma clave neutra. Cada instrumento da bateria tem um símbolo próprio e com uma posição definida no sistema de notação musical. Os pratos e o hi-hat são representados com cabeças de nota em forma de x e os tambores com cabeças de notas redondas. Os componentes da bateria que devem ser executados com os pés possuem a haste da nota virada para baixo, enquanto os componentes que devem ser tocados com as baquetas possuem a haste da nota virada para cima. O hi-hat é a excepção, dado poder ser tocado com os pés e com as mãos.

Compasso: O compasso engloba um número e tipo determinado e sempre novo de batidas. Qualquer composição de ritmo é realizada com um compasso.

O tipo de compasso, com o qual se designa o número e tipo de batidas, é indicado no início de uma composição imediatamente após a clave. O fim de um compasso é assinalado com uma suspensão de compasso. Os grupos maiores de compasso são separados por uma barra dupla (segmentos de canção ou trecho). Quando um trecho tem de ser executado mais que uma vez, é assinalado por um sinal de repetição. Quando o trecho deve ser tocado de forma diferente no fim, utilizam-se as chaves. De início é tocado o conteúdo da chave 1; da segunda vez, o conteúdo da chave 2. No final encontra-se a barra dupla, também designada por barra final, cuja segunda barra é um pouco mais grossa.

Compasso 4/4: Qualquer composição musical é regida por um compasso. Quatro quartos são universalmente considerados uma unidade natural. Esta noção tem origem no andamento, mais precisamente na marcha. Quatro quartos são uma unidade, já o aprendeste na matemática. O mesmo se passa na música. Quatro quartos compõem o compasso total e quatro compassos compõem um trecho musical.

No início da composição encontram-se dois números. O número superior indica o número de batidas uniformes em que se divide o compasso; o número inferior indica o valor da nota de cada batida. Por conseguinte, se houver 4/4 após a clave, isso significa que é necessário contar quatro batidas por compasso, cujo valor corresponde a uma semínima. 90% de todas as músicas populares possuem este tipo de compasso.

Estrutura do compasso: cada compasso possui uma atribuição de acentuação, formado ao longo dos séculos e que é percepcionada como natural e correcta por qualquer pessoa. Este facto também se reflecte na música pop através das partes de compasso acentuadas (fortes) e das partes de compasso não acentuadas (fracas). As partes fortes do compasso e acentuações são, basicamente, palavras diferentes que têm o mesmo significado.

Uma acentuação é, por exemplo: forte – fraca – forte – fraca

Vê uma emissão televisiva de música popular apenas por alguns minutos. É provável que não vás gostar da música, mas isso não está em causa. Aguarda uma composição que o público acompanhe com palmas. Irás reparar que o público bata palmas nos tempos 1 e 3, ou seja nos tempos fortes (acentuados). Isto deve-se ao facto deste género de composições populares ter na sua origem as músicas de marcha, (isto é, a música militar). Este género de música era executado por grandes bandas de música em marcha, (isto é, em andamento ordenado). Aí um tambor enorme, ou bombo, marcava o 1 e 2 do marchar a cada compasso. O público bate palmas orientado pelo bombo.

Vê agora um concerto gospel ou semelhante. Irás reparar: o público bate palmas em 2 e 4. O público bate palmas de acordo com a execução do tambor pequeno, ou tarola. Ele já ouviu tanta música pop que percepciona o “contratempo” como normal.
A conjugação “forte – fraco” ou “acentuado – não acentuado” é essencial para a execução da bateria. Isto deve-se ao facto de, juntamente com o baixista da banda, o bombo marcar sempre os tempos fortes, ou seja o 1 e o 3, no compasso 4/4. A tarola, o hi-hat, etc, marcam, conjuntamente com os guitarristas, os tempos fracos, 2 e 4. Dado que é muito mais fácil percepcionar o tons claros e penetrantes da tarola (assim como os acordes da guitarra), do que os tons do bombo (e os tons dos baixistas), no público cria-se a impressão que o baterista e, com ele, toda a banda acentuam fortemente os tempos de contagem 2 e 4, (isto é, os tempos não acentuados). A esta percepção chama-se “contra-tempo ou backbeat”. Esta aparente “acentuação errada” é o que distingue a música pop da música clássica e é o elemento que atrai o público.

Até à próxima lição
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"...água fura em dura mole, tanto dá até que pedra..."

Última edição de Jorge Cardoso : Qui, 24 de Dezembro de 2009 às 19:46.
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