Concordando com grande parte do discutido, não consigo contudo deixar de comentar o episódio do dia da greve geral à entrada do parlamento, quando a policia carregou sobre os manifestantes.
Acredito e sou a favor do direito constitucional à manifestação, no entanto, há que compreender que as pessoas por detrás dos escudos da policia são isso mesmo, pessoas, pelo que, eu pondo-me na sua pele, ali a fazer o meu trabalhinho que jurei e sou obrigado a faze-lo, e tendo um cacetete na mão ou um pelotão sob minhas ordens e minha responsabilidade, a levarem pedras da calçada pela cabeça abaixo, provavelmente até teria agido mais cedo... o que é que eu quero dizer com isto? Concordo EM MUITO na comparação e analogia ao facto de todos nós sermos um rebanho de carneiros que para aqui andamos, com coisas que todos os dias aparecem nas noticias e que nos caracterizam cada vez mais como tal (ora é cada vez mais carros novos de luxo do estado, ora é cada vez mais excepções aos cortes nos subsídios de férias/natal, ora é cada vez mais ordenados da função pública acima do presidente da republica, ora é milhentas PPP's, fundações, e associações duvidosas com ajudas milionárias do estado e fintas à justiça, etc, etc, etc), mas não nos podemos esquecer que, apesar de rebanho, não somos carneiros, somos pessoas e não é a actuar em manada a partir multibancos e carros, incendiar caixotes do lixo, atirar cocktails molotov ao parlamento e pedras da calçada à policia que vamos contribuir para um país melhor ou sequer dar o exemplo no que quer que seja.
E está claro que que os incidentes não correspondem à atitude da maioria dos manifestantes, estamos a falar de uma minoria que causou distúrbios, tudo bem, mas a partir do momento que estes começaram a acontecer, concordo 100% com a decisão da policia em actuar para dispersar a manifestação com recurso à força e tentar apanhar os infractores. E não foi por falta de aviso porque pelos vistos até avisaram com antecedência que iam carregar.
Isto para dizer o quê, e dando um exemplo: num agregado familiar de duas pessoas com habilitações literárias que até estorvam, uma desempregada à 3 anos, e outra com a sorte de trabalhar, apesar de a 300km de casa, pessoa essa que já inclusivé teve que vender a metade da bateria (a alma portanto) e até tem a outra metade à venda para ir "aguentando o barco", é normal o sentimento de revolta depois do esforço de vida que nós povo andamos a fazer, aparecerem diariamente noticias que nos fazem sentir uns carneiros aqui a comer a bela da erva quando há por aí fora gente a mamar na teta à nossa custa que é uma coisa parva. É pá, mas não vamos agora atirar pedras e partir tudo e esperar não ter consequências na mesma moeda.
Só isso.
Já agora deixo uma pergunta no ar: de entre aqueles que usufruíram do direito à manifestação e usufruem do direito à greve vezes e vezes sem conta, quantos se dignaram a votar nas últimas legislativas e se dignam a cumprir com o direito e DEVER de voto?
Fica o desabafo também. E espero não ferir susceptibilidades, até porque nem policia sou...
Um abraço.