Ver Mensagem
Não lido Seg, 18 de Setembro de 2006   #1
Leodreammer
 
Membro desde: 27-Jun-2006
Local: Faro
Mensagens: 951
Leodreammer está no bom caminho
[Entrevista] Lars Ulrich - Baterista de Metallica (Set 1999)

Ora cá vai uma entrevista feita em Setembro de 99 com o tamaísta de gema :Lars Ulrich!



Intro:
A julgar pela afluência e entusiasmo do publico,está mais que claro que Metallica continua o grupo preferido de numerosos aficionados do metal,um valor seguro aqual a ultima geração de adolescentes se reconhece também.De fora de todo o tipo de moda ou polémica,a banda de Lars Ulrich ficou fiel a sua conduta :Poder,energia e sinceridade.Enquantos uns tentam ter fama a base do pearcing,Metallica aplica a receita: um bom rock,bem pesado e destemido com um coração do tamanho do mundo.Mas o futuro devia reservar no entanto algumas surpresas,Lars e os seus,neste fim de milénio(de século XX) estão a dois dedos de uma nova era.O baterista abre-se para nós numa conversa intima e partilha com nós as suas interrogações,aquelas de um homem que se aproxima da casa dos quarenta,volta sobre o seu passado e interroga-se sobre o futuro.


Habitualmente quando uma banda faz uma digressão é para promover um álbum,ora vocês não saíram nada e o ultimo disco era um álbum de covers!
Lars-De facto trata-se do fim da ultima digressão.Varias datas europeias tinham sido canceladas devido ao nascimento do bebé do Jamas Hetfield,e tomamos a decisão de passar para este ano.No futuro,tentaremos sair álbuns mais regularmente,todos os anos ou ano e meio,e talvez fazer tornes mais curtas,jamais juntar sistematicamente um álbum á uma grande digressão mas sim pequenas tornes entre dois álbuns.

Podemos falar já do próximo álbum e de datas?
Lars-Nós não tomamos ainda uma decisão,é muito provável que saia um no Outono,relacionado com um concerto dado com uma orquesta sinfonica de san Francisco.Mas ainda não tive a oportunidade de ouvir as faixas,vou fazé-lo no final da digressão: se soar bem e corresponder á alguma coisa que tenhamos vontade de partilhar com os nos fãs,sairá em Novembro.Mas Bob Rock(produtor dos metallica)já o ouviu e disse-nos que estava extraordinário.A priori ,confio nele.

Podemos ter a liberdade de pensar que haverá “cordas” no vosso próximo álbum estúdio?
Lars-Hum..talvez.Está longe de ser produzido,ainda não pensei nesse futuro álbum,mas unicamente aos”sinfónicos”.Faz-me a mesma pergunta no próximo ano..No entanto,penso muito sinceramente que já fizemos suficientemente de “musicas inglesas”a base de bluse com riffs de guitarra á Led Zeppelin,deep Purple,Ac/Dc e bateria simplista,já fizemos o suficiente e não temos que acrescentar nada nesse capitulo.O próximo álbum studio será,uma vez mais algo totalmente inovador.Ainda é muito cedo para se saber naquilo que soará.O james e eu iremos começar a escrever juntos em Janeiro,veremos o que irá dar.Mas,penso que será forte,pesado e muito agressivo.Pela primeira vez,gostaria de utilizar sequenciadores e samplers,rítmicas fora da bateria e talvez fazer uns patternes mais pró selvagem!Portanto deverá haver “cordas” e se calhar outras coisas..vamos esperar!

Já começaste a treinar-te, trabalhar sobre breaks e patterns ?
Lars- De maneira nehuma,não é assim que funciono..só me concentro nas datas previstas.Não sou do tipo a fazer musicas durante os meus tempos livres.quando estamos em digressão:tocamos,quando não o estamos..é descanso,quando é altura de promover: promovemos.Não misturo as coisas,com os Metallica cada actividade tem o seu tempo,não podemos fazer tudo em simultaneo!

Interessas-te por outros estilos musicais?
Lars- não posso dar exemplos precisos.Quando começas a reflectir num futuro álbum,reages de modo diferente as musicas que ouves.Poderia estar-te a enganar e citar nomes ressonantes que ficam bem a qualquer um mencionar,mas não é o meu tipo.A semana passada por exemplo,estive a ouvir um velho álbum de Alice in chain,adoro regressar aos discos que ouvi milhares de vezes e descobrir novas coisas,não ouço da mesma maneira um disco hoje, de há 1 anos atrás.Ouço bastante jazz de há 2 anos para cá mas não quer dizer que me vou tomar por elvis Jones(risos).há algumas coisas no hard rock actual que me agradam bastante,e de todas essas novas ondas,Rage against the machine é de longe a banda mais interessante,é o meu preferido neste momento.Não gosto lá muito de Korn,Limp biskit e bandas do género… Rage é algo de mais profundo!

Aconteçe-te algumas vezes brincar com outros bateristas?
Lars-Só mesmo se estiver com tédio de cair pró lado.Fumar ganzas e martelar na bateria com a malta já não é da minha idade.Fora dos Metallica não existe muitos projectos que me interessam.Um realizador de cinema dinamarquês que eu respecto bastante,pediu-me para tocar num dos seus filmes,ora aí está uma ideia que me dá pica!

Improvisas muitas vezes nos concertos,retocar os discos tal como são, não faz o teu género..
Lars- O que me agrada nas digressões,é que tocas musicas que já tocaste milhentas vezes e no entanto consegues sempre ter e aplicar ideias novas por cima!!Se for uma que gravei há 16 anos,achas que deveria retocar a mesma coisa cada vez que tenho que as tocar(risada)!?Em 85,tocávamos de uma determinada maneira porque era assim que fazia sentido para nós nessa época,isto não quer dizer que tenhamos que reproduzir tudo fielmente de uma ponta a outra hoje em dia..

Já andam junto há bastante tempo,qual é o ambiente que se vive no seio do grupo actualmente?
Lars-Musicalmente e enquanto homens,sentimo-nos bastante mais unidos.Hoje,
juntamo-nos muito mais vezes que antigamente.Existem menos fricções quotidianas que nas digressões anteriores.Todos,e particularmente eu e o james estamos na mesma onda.O que se ressente evidentemente de forma positiva quando actuamos ao vivo.Estamos também muito mais perto fisicamente em cena,não ficamos a 15 metros uns dos outros,nem comunicamos através de intercomunicadores(risada).

Tens um exelente Tempo(bpm´s) em toda a duração do show,mesmo quando tocas semi-colcheias rápidas nos 2 bombos até quando o publico canta fora do Tempo!
Lars- O meu tempo tornou-se bem melhor com o passar dos anos,realizar álbuns ao “click” com o nosso produtor também contribui.Mas é também devido ao facto de tocar 150 concertos por ano.Esta digressão, é a primeira em que faço uso dos phones,ajuda-me a ter um maior controle,de ter o som dentre de mim em vez de ouvi-lo a 2 ou 3 metros,é como se eu estivesse em estúdio.Os phones deram-me mais confiança.Naquilo que te referes do “tempo”,outros aquale a suas opiniões contam bastante, disseram-me exactamente o mesmo na digressão.Antigamente,acontecia que perdia mais energia ou controlo mas jamais me aconteceria o mesmo com este sistema.Viro-me cada vez mais para um jogo bateristico simples e mais baseado no groove,e do nada tornei-me mais estável nas malhas mais rápidas..

Continuas fascinado com o uso dos dois bombos?
Lars-(longa reflexão)Hum…sim,acredito que sim.Mal utilizado gosto menos.Seria no entanto interessante de ver naquilo que irão dar nas novas musicas,questiono-me frequentemente sobre quais serão os espaços onde poderei aplica-los e esse tipo de coisas..

Ao vivo nunca recorres a triggers,preferes o som natural sabendo dos seus contras em Live?
Lars- Toco 100% acústico ,estou convencido que o som deve ser diferente ao vivo.Acredito na musica orgânica tocada por seres humanos.As velhas canções não soam igual aos discos?Optimo,felizmente!O disco tem 15 anos e não somos nehumas maquinas.Aos meus olhos,é aí que reside a beldade da musica, e é isso que a rende tão preciosa,ela é simplesmente diferente a cada concerto.Por vezes o Jason(Newsted)diz-me que tal musica estava bastante rapida naquela noite,não é grave,faz parte da cena!
Nesse tipo de digressão,a rotina é o elemento pela qual luto mais.As vezes roço o aborrecimento e tenho a necessidade de experimentar novos planos.è claro,não resulta sempre e os outros ficam lixados comingo,mas é necessário procurar o equilíbrio entre os dois extremos.Sou aquele que se altera mais na banda.Posso modificar o repertório 5 minutos antes de subirmos ao palco.Um lança uma frase do tipo”devíamos ensaiar tal musica antes de entrar para a arena e eu digo-lhe simplesmente que o iremos ensaiar no concerto(risada),em publico.eles querem repetir sempre as musicas antes da hora H,somos um pouco diferentes nesse aspecto,a chegada encontramos um meio termos e resolve-se o dilema.

Assisti a tua preparação no teu camarote,fazem-te massagens nos braços,umas flexões,abdominais mas não te vi a tocares nas baquetas porquê?
Lars-Posso-te garantir que é a primeira intervista que dou a conhecer esse aspecto da minha intimidade,ah ah!Os outros membros da banda tem uma certa rotina preparatória.Kirk faz 45 minutos de yoga,Jason engola todos os seus cocktails vitaminados,eu,não tenho necesidade de me isolar para meditar uma hora. 10 minutos antes de interagir com o publiquo,enfio-me nos meus calções,sapatilhas,faço o que viste e vou pra vida!

Preocupas-te com a tua forma física..mas já estudaste a ergonomia do teu set,que é quase o mesmo faz um tempo?
Lars-Quando tinha 4 toms médios,o meu tripé de pratos de choque estava um pouco afastado,agora que fiquei só com 2 médios,ficou mais ao meu alcance.O mais importante na bateria é o equilíbrio.Só me apercebi disso quando experimentei tocar unicamente com os 2 toms,tinha maior equilíbrio e um melhor tempo.Antigamente,era hábito de trocar de bateria a cada digressão,aos 24 anos alinhamos e achamos graça,mas agora já não tem nenhuma importância para mim.Sinto-me a vontade com o que tenho e não sinto necessidade de mudar seja o que for.

Quando tocamos em dois bombo durante 20 anos,deve ser meio esquisito ficar atrás de um set de 4 peças..
Lars- Não,acontece-me muitas vezes de tocar no estúdio em sets básicos para certas canções e não me causa qualquer problema.Muito sinceramente,se eu não tivesse necessidade para tocar os títulos antigos,não teria sequer 2 bombos!Eu sou contra todos esses clichés do hard rock com os 2 bombos na bateria.Mas também, tentei dar-lhe com a pedaleira dupla e não ficou grande espingardola(lolada)!!

Pratocinado pela Tama,nunca escondeste ao publico que gravavas com a Gretsh.Contunuas a fazé-lo?
Lars-Disse a malta da Tama que tinha o maior respeito por eles,mas em estúdio obtinha mais facilmente o som que desejava com a Gretsch.Eles optaram por me darem timbalões que se aproximavam +/-,são praticamente uma copia da gretsch e soam cinco estrelas.Nos últimos dois álbuns utilizei 2 bombos gretsch,timbalões e tarola( em bronze) da Tama.Mas aí,alguns elementos da bateria poderão ser alterados no próximo álbum.Nós fizemos 3 albuns com o mesmo material e na mesma instalação,sabemos perfeitamente que na próxima produção iremos gravar noutro estúdio com material diferente.

Sentes-te a vontade com essas baquetas da Ahead em aluminium ?
Lars-habituei-me rapidamente.Dou pancadas verdadeiramente fortes e também partia com alguma facilidade as baquetas em madeira nos ritmos mais possantes.No caso por exemplo, em pleino ar livre onde faz frio,partia 20 pares por noite.E quando estás metido na andança de uma musica,mudar de baquetas desconcentra-te sempre um pouco.Com as ahead,parto um par 2 vezes por mês e tenho bastante mais de puder,principalmente porque aplico bastante peso nas pancadas.Gosto de dar o rimshot deixando a baqueta colada a pele e no aro em vez de a levantar logo.È preciso baquetas sólidas para tocar desta maneira,e essas ahead cumprem na perfeição.Tenho tocado com elas faz uns 5 anos..Altera o som nos pratos é verdade,mas o mais importante é sentir-se bem,é quando nos sentimos bem que a musica flui e torna-se melhor no plano do feeling e isso importa bem mais que umas pequenas nuances de som!

As baquetas são assinadas por ti,mas regra geral,não explores muito esse mundo comercial,nenhuma tarola signature por exemplo..
Lars-Não gosto muito disso,já o disse as pessoas envolventes.Aprecio verdadeiramente o material que me oferecem mas não sou Simon Phillips,seria cumulo da vaidade para mim.Eu estou na Tama há uns bons 15 anos,e sempre lhes fui fiel.Agora, grandes empresas dariam-me uma pipa de massa se eu mudasse para eles,Mas a Tama deu-me o material numa época onde ninguém acreditava no meu valor,portanto não seria justo nem correcto da minha parte fazer-lhes uma partidinha de mau gosto nesta altura do campeonato.

Tens nostalgia da tua primeira bateria,que era uma camco?
Lars-( risos) Escolhi uma Camco por que era um teso do car*lh* na altura,e mais,comprei-a em segunda mão..(lolada geral),desde então mudei-me para Tama e não quis mais nada!

Tens alguma colecção de baterias tanto em casa como no estúdio?
Eu até tenho um pequeno estúdio(sala de garvações)em casa mas nunca lá ponho os pés.Os outros estão contentíssimo de ter por exemplo uma guitarra Flying V de 57 sobre aqual Jimi Hendrix terá tocado algures no passado,a mim não me diz nada,nem tem grande interesse possuir 12 tarolas que terão sido usadas por Buddy Rich,não colecciono material,adoro a bateria,mas fora do trabalho toco raramente.

E agora,pondo de lado a musica,o que é importante para ti,o que gostas de fazer,o que te motiva?
Lars- A minha mulher,os meus filhos, a minha família,as minhas raízes,e sou um pequeno amador na pintura..

Fazes colecção de arte?
Lars-Sim,um pouco,venho regularmente a Paris para isso,sou um grande amador de arte bruta.Considero O Jean Dubuffet como o fundador desse estilo,e eu colecciono as suas telas mas também de outros pintores.Da ultima vez que estive em Paris,tive oportunidade de visitar o estúdio de Michel Nadjar,um grande pintor francês de ponta, respeitante a arte bruta.Venho aqui pelo menos 2 vezes por ano,de forma totalmente anónima e vou directo para Saint- Germain-des-Prés.Rodeio a volta da avenida Bonaparte,das belas artes,etc.Posso lá passar dias inteiros(risos)Paris é talvez a única cidade no monde onde venho só por prazer.Sou também um apaixonado pela arte africana,adoro também o cinema de arte.O ano passado,assisti na sua totalidade ao festival do film de Paris.

Os fâs dos Metallica vão se pôr a frequentar as galerias na esperança de te encontrar lá..
Lars-Os fãs reconhecem-me minutos antes e depois dos concertos,quando não é o caso eles não têm a certeza que seja eu(risos).No entanto é sempre porreiro ser reconhecido na rua pelos jovens.

No estado em que te encontras actualmente,que balanço é que fazes relativamente a bateria?

Lars- Torno-me cada vez mais honesto com mim mesmo, e vou te confessar sinceramente que ao envelhecer,sinto-me cada vez menos apaixonado pela bateria em si.Há cerca de 10 anos,tocava ainda para mim,agora só a vejo e a relaciono com os outros.Compor,criar,fazer discos,ora aí está o que me interessa.Considero-me um musico dum grupo,um autor de canções,produtor de estúdio, e a bateria é o meu passaporte para pertencer a esse mundo.Tenho que confessar que estes últimos anos foi sobretudo a composição, o meu alvo de maior interesse,a bateria em si,isolada do resto não representa mais nada para mim.Metallica foi a única banda onde toquei a séria,e fico feliz por isso.


A bateria de Lars (composição 1999)

Tama Starclassic Maple(silver sparkle)

Tarola bell brass 14” x 6” ½
Toms:10”x9/12”x10/16”x16(chão) e 18”x16(chão)
Bombo: 22”x16”(x 2)


Pratos Zildjian:
Z custom Dyno beat hit hat 14”
Spash Z custom 12”
Crash A médium 17”/18”/19”
Crash A médium brilliant 17”/18”
Oriental trash crash 18”
China z custom 20”
Ping ride 20”



Fotos:







(and justice for all)
(Blackened)
(one)
(the unforgiven)
(Nothing Else Matter)
(the memory remains)
(Master Of Puppets)
(St-anger)
(Motorbreath soudtrack)

http://www.darkelucidation.com/metallica_discography.php (discografia metallica)

http://www.bateristaspt.com/forum/showthread.php?t=1123 (Ler!)

Última edição de Leodreammer : Seg, 18 de Setembro de 2006 às 15:32.
Leodreammer não está cá agora...   Citar esta Mensagem