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Não lido Qui, 11 de Setembro de 2008   #1
jotta9
 
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Exclamação Bateria vs. Audição

Introdução
Nos dias actuais, a maioria das pessoas que lidam com música, sejam elas amadoras ou profissionais, expõe os seus ouvidos a volumes de som muito altos, graças aos equipamentos de amplificação. Essa é uma realidade presente em quase todos os contextos musicais, mesmo os que não prevêem um nível de volume alto (jazz, clássico). Até os espectáculos "acústicos", muito na moda hoje em dia, requerem um grande aparato de amplificação para que tanto a plateia como os músicos possam ouvir o que está a ser tocado.
O baterista, em particular, é exposto, não só ao som dos instrumentos amplificados (guitarra, baixo, teclados e vozes), mas também ao som da sua própria bateria, que é um instrumento reconhecidamente alto em termos de volume de som - sem contar que a própria bateria pode estar amplificada.


Nossa Audição
Qualquer tipo de som alto, é indiscutivelmente prejudicial à audição. A frequente exposição a sons altos leva a um processo de lesão auditiva, que começa a afectar a audição das frequências mais altas (sons mais agudos) e progride para as frequências mais baixas (sons mais graves). Embora a audição humana, em perfeito estado, capte frequências de 20 Hz a 20.000 Hz, a maior parte do que precisamos ouvir de fato não passa dos 4.000 Hz. Por exemplo, o som do piano vai até 4.000 Hz; a guitarra vai de 32 Hz até mais ou menos 750 Hz. Ainda assim, essa "reserva" de audição que temos entre 4.000 Hz e 20.000 Hz é usada, por exemplo, quando estamos em ambientes com muito ruído (discotecas, restaurantes, etc). Nesses ambientes, onde as frequências de até 4.000 Hz já estão saturadas pelas vozes humanas e pela música ambiente, o nosso ouvido utiliza as frequências mais altas que 4.000 Hz para interpretar o que o interlocutor está a falar. Caso você já tenha sentido dificuldade em ouvir e entender conversas em ambientes com muito ruído de fundo, é bem provável que já esteja sofrendo um processo de lesão auditiva, ou seja, o seu ouvido já não consegue perceber as frequências mais altas (acima de 4.000 Hz).
Há pessoas que se expõem a situações de alto volume de som e pensam que estão acostumadas por não sentirem nenhum desconforto significante. Isso é um grave engano, visto que a nossa audição é capaz de se adaptar ao som ambiente, atenuando as frequências mais saturadas e, consequentemente, diminuindo o desconforto. Entretanto, o ouvido pode perder essa tolerância, caso a exposição continue a repetir-se.
O processo de perda de audição é cumulativo, ou seja, as pessoas que já passaram um bom tempo das suas vidas expondo-se a sons altos correm risco de lesões auditivas mais sérias. Além disso, mesmo que a pessoa deixe de se expor aos altos volumes de som e/ou passe a proteger sempre os ouvidos, a parcela de audição perdida nunca vai ser recuperada.


O Som
Há seis factores que, combinados, podem tornar a fonte sonora mais ou menos perigosa aos nossos ouvidos:

1. Intensidade - Quanto mais alto o volume do som, mais perigoso será para nossa audição. A intensidade ou pressão sonora é medida em decibéis (dB). No caso de uma bateria, as suas diferentes partes podem alcançar os seguintes níveis:
. bombo: 105 dB
. timbalões: 110-112 dB
. pratos: 115-118 dB
. tarola: 120 dB
É de realçar que, para exposição sem protecção, as instituições de saúde americanas permitem o nível máximo de 115 dB (até 15 min. por dia).

2. Frequência - As frequências mais agudas (pratos e tarola) são mais prejudiciais que as mais graves (bombo, timbalões).

3. Ambiente - O som que ouvimos da bateria é a soma do som directo e do som reflectido pelo ambiente. Ambientes pequenos e acusticamente reflexivos, amplificam o som e são, portanto, mais perigosos que ambientes grandes (ou abertos) e acusticamente não-reflexivos.

4. Tempo - Quanto maior o tempo de exposição a som alto, maior o risco de causar danos à audição.
5. Distância - Quanto mais próxima, mais prejudicial será a fonte sonora. Os "headphones" são um exemplo, pois emitem sons que podem alcançar até 120 dB, directamente aos ouvidos.
6. Histórico pessoal de exposição - Como já foi dito, uma pessoa que tenha passado anos a sujeitar indevidamente os seus ouvidos a níveis perigosos de volume estará mais susceptível a lesões auditivas.

Sintomas
Embora a sensibilidade de cada pessoa seja diferente, na maioria das vezes em que abusamos da nossa audição, os nossos ouvidos dão algum sinal de alerta.

1. Dor - O impacto de um som alto pode causar dor mas, como foi dito, o ouvido pode atenuar essa sensação, mascarando o problema. Em pessoas com maior histórico de exposição, a sensação de dor pode tornar-se mais frequente.

2. Perda auditiva - Após uma exposição prolongada a sons altos, pode haver perda auditiva temporária, voltando ao normal em horas ou dias.
3. Dificuldade ao conversar - Como foi dito, a pessoa pode não perceber que já perdeu parte da sua audição até que sinta dificuldade em ouvir seu interlocutor num ambiente com muito ruído de fundo (restaurantes, bares, etc.).

4. "Tinnitus" - É o que costumamos chamar de "zumbido" no ouvido. É um sintoma muito comum após uma exposição prolongada a um som alto. Este zumbido funciona como um sinal de alerta natural e costuma desaparecer horas ou dias depois. Entretanto, pode tornar-se crónico e, acompanhado de perda auditiva, pode causar vários transtornos. Cabe realçar que o "tinnitus" pode ter outras causas, tais como: reacções a medicamentos, traumatismos, problemas ortodônticos, entre outros.

Medidas de Protecção
Tratando-se da audição, a velha expressão "prevenir é melhor que remediar" é mais que verdadeira. A lesão auditiva ocasionada por som alto, além de não ter cura, é progressiva. Portanto, as medidas de protecção aos ouvidos vão apenas ajudar a preservar uma audição saudável, ou apenas interromper o processo de perda auditiva em ouvidos já lesados.

:: Atenção aos níveis de volume do ambiente. Sempre que necessário, utilize protectores (detalhes mais a frente).

:: Dê preferência ouvir música pelas colunas e não por "headphones".

:: Se houver possibilidades, investir em algum tipo de tratamento acústico no local de ensaios, de maneira que as paredes fiquem menos reflexivas ao som. Podem ser utilizadas, por exemplo, carpetes, tapetes, cortinas, espumas, etc.

:: Nos ensaios, tentem encontrar um volume equilibrado entre todos os amplificadores dos instrumentos. É de evitar também não ficar tão próximo e/ou na direcção dos amplificadores.

:: Use protectores de ouvido. Eles são dispositivos que atenuam o nível de decibéis que chegam aos seus ouvidos. Para quem toca bateria, o seu uso deveria se tornar um hábito e, com poucas excepções, um hábito incondicional. No início pode ser difícil acostumar-se aos protectores, mas trata-se da sobrevivência dos seus ouvidos. A seguir, alguns exemplos e sugestões para protecção dos ouvidos:
. Algodão: é a opção mais barata e prática, mas deve ser usado somente em casos de emergência, pois não oferece a protecção mais adequada. O algodão atenua levemente o volume, principalmente as frequências agudas, mas o suficiente para evitar o famoso "zumbido no ouvido" (tinnitus) após um concerto ou ensaio.
. Silicone maleável: são feitos, originalmente, para nadadores e são moldáveis. Proporcionam uma óptima protecção, atenuam mais as frequências agudas, definindo o ataque e filtrando a reverberação.
. Tampões de Espuma: são protectores cilíndricos ou cónicos em espuma sintética, usados em desportos motorizados. Basta comprimir a espuma, colocar no ouvido e deixar que ela volte a sua forma original, vedando assim o ouvido. É um óptimo protector, mas filtra muito os agudos, modificando o equilíbrio entre as peças da bateria. Reduzem até 30 dB.
. Tampões de cera com algodão: são similares acusticamente aos de espuma.
. Tampões de silicone (rígido): permitem um som mais natural que os protectores de espuma. São laváveis e reduzem até 12 dB.
. Abafadores (tipo headphones): parecem com phones e são muito usados para prática de tiro, em aeroportos e nas indústrias. Reduzem entre 20 e 30 dB e proporcionam um som da bateria mais agradável.

* by Henrique Ludgero

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Achei este excelente artigo e tive mesmo a necessidade de partilhar com vocês. Porque falar na saúde e no bem estar nunca é demais!

Abraços

Última edição de jotta9 : Sex, 12 de Setembro de 2008 às 01:46.
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