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Não lido Dom, 7 de Fevereiro de 2010   #9
canas
 
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Re: Doenças dos Bateristas

Viva,

Li o post inicial e li também atentamente artigo que referem na sua versão original e integral.

Numa perspectiva de análise puramente de saúde laboral a maioria dos pontos apontados acabam por não ser atribuíveis à actividade de baterista.

Não há estudos que provem a relação entre tocar bateria (com intensidade ou não) com a falência cardíaca. Todos sabemos que existem imensos factores internos e externos inerentes à vida de cada um que podem levar a problemas do coração. Lembre-mo-nos que em Portugal há uma enorme incidência de problemas cardíacos na população o que prova que é principalmente por causa de factores comportamentais gerais. Se tocar bateria nos faz ser mais activos até ajudará a combater o sedentarismo e a sermos mais saudáveis... Os exemplos no mundo artistico que poderiam ser agora citados não iam de certeza demonstrar todo seu historial de saúde por isso nunca se poderá afirmar taxativamente: "morreu por tocar bateria".

Drogas e tabaco não me parece que seja uma condição obrigatória para se tocar bateria por isso não é de certeza uma doença profissional e pessoalmente não me revejo de todo nessa problemática. Penso até que seja um preconceito associar a música em geral com o consumos de drogas e tabaco. Se assim fosse, o álcool tinha sido excluído da análise porquê?

As micoses, dermites, alergias são também um problema do foro pessoal e da higiene de cada um. Se forem tomados os cuidados recomendados pelas nossas mães desde sempre não haverá problemas...

As lesões são, essas sim, um dos grandes problemas de tocar bateria.
Os movimentos repetitivos poderão levar a lesões músculo-esqueléticas irreversíveis. Num contexto laboral seria recomendada ginástica laboral específica (alongamentos, aquecimentos, exercício físico complementar). Em relação à postura deverão ser tomados os mesmos cuidados e tentar colocar as peças da bateria da forma mais ergonómica possível.
A elevação de cargas pesadas, que segundo a legislação laboral em vigor deverá ser sempre inferior a 30 Kg para homens e 25Kg para mulheres, pode ser também um problema no momento de montar o equipamento. As recomendações para evitar problemas passam por dividir a carga em pesos mais pequenos usar posturas correctas no manuseamento da carga.

Um factor que não foi referido e que é uma verdadeira doença profissional de um baterista é a surdez!! Já amplamente debatida pelo forum, a protecção dos ouvidos é altamente recomendada e se de contexto laboral estivéssemos a falar seria mesmo obrigatório. Convém adequar da melhor forma a protecção ao ruído a que estamos expostos e nunca esquecer que a surdez é irreversível.

Só uma última palavra em relação ao artigo "científico" divulgado na imprensa. Devemos ter sempre uma posição crítica quando nos apresentam estes estudos porque convém saber qual o objectivo destes estudos. Começo por contestar o cariz científico do estudo. Um estudo que emite conclusões a partir da análise de um só individuo parece pouco credível e muito contestável. Não há de todo uma amostra representativa que permita tirar conclusões.
Este estudo é obviamente preliminar com fins comerciais... sim a ciência tem fins lucrativos. O que andamos a ler e a entender como artigo científico não passa de uma publireportagem que no caso presente permitirá, se conseguir reunir financiamento, criar um centro de estudo bateristico (drumming laboratory). Portanto teremos que esperar que o centro de estudos seja criado, que sejam aplicadas metodologias científicas sistemáticas representativas e que depois sejam apresentadas conclusões fundamentadas para sabermos então se um baterista rock é um atleta de alta competição. Todo o que for apresentado entretanto será para atrair investidores e justificar a existência do próprio centro de estudos. Não sei se concordam mas não consigo imaginar o Eric Moore a subir um lanço de escadas sem se cansar... no entanto toca bateria... e com força!

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