exertos de um livro que estou a escrever

[enes]

Da esquerda para a direita:
Pinguim, filipe, manu, Javardo
Foto tirada por Joel Maranhao castelo de Barcelos, as portas para visita estavam fechadas mas nos passamos por cima…
Os únicos membros sempre coerentes, sempre prontos para o que der e vier ( desde que houvesse bar aberto )


Tudo começou em 1991 tinha vindo de França para passar férias em Portugal, pais de origem, onde todos os anos no mês de Agosto estávamos a usufruir de uns dias bem merecidos.
Eu que estava a estudar no meu pais de acolhimento, deparei com a surpresa de não ter que voltar mais para lá, meus pais disseram em plena metade do mês de Agosto que vínhamos de vez para Portugal, isso para mim foi uma surpresa que funcionou de duas maneiras, primeira, ma, porquê? Porque não me tinha despedido dos meus amigos de escola e ia entrar para um liceu profissional estudar electromecânica. Segunda, boa, porquê? Pergunto eu outra vez.
Porque já não tinha que voltar para o estrangeiro outra vez e ser chamado de “ volta para o teu pais! “ sim porque a descriminação racial era inocente vindo de adolescentes com dezasseis anos, mas no âmago do coração doía mais de que tudo, visto em França não estares no teu pais e em Portugal seres estrangeiro e falares com sotaque Francês.
Passando uns dias largos depois do mês de Agosto, alguns conhecidos meus que sabiam que dava uns toques em piano perguntaram se não estava interessado em fazer parte de uma banda, imaginem eu com dezasseis anos e o resto dos membros com treze, catorze, enfim, éramos uns putos. O pinguim e o fininho tinham aulas de viola no salão paroquial, o javardinho tinha um piano daqueles pequenos que agora se compram nos chineses por cinco euros, o Filipe nunca tive nada a não ser a voz.
O meu pai tinha voltado para França porque havia coisas para resolver, casa, móveis, papeis, toda uma logística a qual era completamente alheio. A cada vez que a minha mãe lhe telefonava, eu dizia sempre para trazer o piano.
Ate que um dia chegou o tão aclamado piano, sim porque eu dizia aos meus amigos que era um piano profissional, não era nada mas parecia, era um Yamaha PSR 2500, grande máquina naquela altura, ainda o tenho por questões de nostalgia, algumas teclas já não funcionam mas esta no meu escritório lá em casa, se a minha filha se portar bem quando tiver dezoito anos vou-lhe oferecer… brincadeira…
Montei-o na garagem, chamei os supostamente músicos, e carreguei no botão DEMONSTRATION, e eu a fingir que tocava, sim porque essa musica já a conhecia de cor.
Ficaram espantados, atónicos, de boca aberta, “ este gajo toca! “ e eu com um sorriso na boca de orelha a orelha.















JÁ TEMOS BANDA!
Agora com duas violas, dois pianos, uma voz, já temos banda!
- Como é que se vai chamar?
-Epa antes de tu chegares nos já tínhamos banda!
-LUCAFIRU!
LU de Luís (pinguim)
CA de Carlos (javardinho)
FI de Filipe
RU de rui (fininho)
E agora estava eu, MANU de Manuel e isto não se encaixa no nome.
- Então temos que mudar o nome!
-chegaste agora, não sei …
- Já temos banda? E bateria?
- Não há dinheiro!
Então surgimos com a ideia de fazer uma rifa para ganhar dinheiro para a tão desejada bateria, nunca pensamos (que eu saiba) em chamar alguém que já tivesse uma para fazer parte da nossa banda.
Então pensamos em falar com a mãe do Javardinho (a Javarda) como ela tem uma loja de vender bens essenciais e outras coisas (uma venda) para ir a Macro comprar uma caixa de ferramentas e outras coisas que agora não me lembro para fazermos uma rifa.
Eu que já trabalhava numa empresa de têxteis, era estafeta, mas dizia sempre que trabalhava no escritório, o que não deixava de ser verdade, já que era eu que me ocupava do correio e do arquivo.
Fiz o desenho das rifas que era o Gaston Lagaffe a tocar viola e escrevi a maquina todas as coisas que fazem uma rifa, depois na hora do almoço era só tirar fotocopias, recortar, carimbar o numero de serie para no fim picota-las a fim de ser mais fácil recortar os talões para conservar a prova da respectiva compra.
Depois de agrafadas de dez em dez eram vendidas a cinquenta escudos (vinte e cinco cêntimos) cada uma, o que fazia no total … enfim é só fazer as contas…



IR COMPRAR A BATERIA


Pois….nós foram à ruvina (vê lá, a maior loja de musica do porto naquele tempo…); e trouxemos uma bateria que na Europa só tinha havido uma igualo-a das beatices!)
Era uma REMO uma bateria de luxo, …e ñ era para qualquer um…nós, com a ideologia de que já tínhamos uma banda, um grupo.era só ensaiar e tocar Pr.’ a frente!
Putos….coisas cheias de garra, mas sem futuro.mas nós nem queriam saber disso.só queria eram tocar, fazer barulho.ser algo diferente nessa terrinha a que chamávamos R.M….
Autêntico “grunge”. Antes dele aparecer………….
Nem os dirivana..ou gunes en roses,ou…sei lá, tantos outros……….
Rapazinhos novos…cheiinhos de pujança.de garra.de vontade de….mudar alguma coisa do nosso dia a dia…das nossas vidas.que maneira de sonhar tão alto…………….

Eu nesse dia estava a trabalhar e não pude ir ao porto, então o resto do grupo, com setenta contos na mão ( trezentos e cinquenta euros ) falaram com o Rui ( cunhado do Pinguim ) para ver se podiam ir ver casas de musica para comprar a nossa bateria , o Rui aceitou de bom grado ( grande Rui ) .
Andaram a ver varias casas, mas pelo preço, não era fácil arranjar uma coisa em condiçoes.
Ate que entraram na Ruvina , a maior loja de musica do Porto naquele tempo, ficaram abismados com tanto material em exposição .
- ei ! olha aquela guitarra !
- olha esta !
- e esta !
Parecia o paraíso de qualquer musico que tivesse dinheiro.
- Desculpe posso ajudar ?
Chegou um homem , aqueles chatos que andam a ver se ganham mais uma comissão , vocês não os acham chatos ?
- queríamos ver baterias .
Disse o Rui , o cunhado do pinguim.
Baterias usadas
- temos aqui uma muito boa !
É uma remo dos anos sessenta , já foi usada mas pouco tempo, era de uma velhinha ect ect ect.
Paleio do costume que nos feitos parvos acabamos por acreditar, menos a parte da velhinha…
90 contos de rei ( 450 euros ) toma-lá-da-cá-vai-te-embora-já !
Depois foi só mete-la no carro do Rui , de uma maneira ou de outra e também meter o pessoal la dentro… outra dor de cabeça.




















MONTAR A BATERIA
Foram-me chamar para ver a bateria que tinha chegado, eu estava em pulgas.
Fomos a casa do pinguim, ela estava toda desmontada na sala da casa dos pais do pinguim, era prateada tipo anos sessenta, tinha suporte para um prato crash no bombo, suporte para pratos choques, e mais um para ride, tarola, dois timbaloes, um timbalao de chão, um pedal de bombo, mais um suporte que era para a tarola e ofereceram umas baguetes. Como monta-la, isso já era outra questão.
Passamos mais de meia hora a olhar para ela. A imaginar altos concertos para mais de cem mil pessoas, nem os Pink-Floyd eram tão bons como nós…
Aos bocadinhos começamos a montar aquele puzzle, bem para começar o bombo era no chão, depois o timbalao de chão também, mas ao lado direito do bombo, os outros dois timbaloes deveriam ser em cima do bombo mas aquelas peças de encaixar eram meias esquisitas, tipo feitas a mão por um picheleiro qualquer, enfim … conseguimos.
Os suportes dos pratos choques e do ride já vinham montados, foi só por os tais pratos.
- E a tarola meu?
-os suportes estão aqui!
Tinha dois tipos de suporte que para grande espanto ninguém sabia montar.
- Deve ser assim.
-não.
-talvez assim?
-não.
Ate que demos com o gato.
-os dois suportes encaixam um no outro!
- Haaaaaaaaaaaa!
Pousamos a tarola em cima.
-epa ! O suporte esta ao contrário!
-haaaaaaaaaaaaaaaa !
Já tínhamos a bateria montada.
Aleluia …

[technon]

muito bom.

Inda vais ser um Dan Brown =)

cumps

[pgv2007]

Depois vou querer ler o livro

Bom Trabalho pa


Abraço