"Lampejos da luz fugaz..."

[Jorge Cardoso]

..E foi-se o Verão... se é que o houve neste ano da graça de 2011... Ainda o sinto de qualquer maneira, o cheiro da areia molhada, a secar no teu corpo... ainda sinto o sal na boca e as cócegas nos pés a enrugar de prazer, a brincar com os raios de sol moribundo que chegam do céu azul esbranquiçado de tanta luz... que houve... curta, mas houve...
Ainda ouço o grasnar das gaivotas doidas "em bebedeiras de azul...", tão doidas e belas na sua liberdade... ainda sinto o rugido do mar, perto da praia, que ao longe se torna Oceano a curvar a linha do horizonte na esfericidade do globo... sabe-me a boca a bolacha americana que este Verão não comi!
Agora o fio de água verde que escorre das ramagens despidas da laranjeira do quintal, como que chora o cheiro dos sacos de campismo, em nylon retorcido dentro das gavetas, em cuja memória os guardam para o ano que vem... O vento uiva, única testemunha desta doce dor que me faz sorrir de esperança num novo calor mas que abre os braços à lenha, ao calor, à lareira, ao aconchego do lar... As chamas a reluzir nos teus olhos... tu não sorris e olhas-me a sorrir através dos teus olhos... Mais um pequeno tronco, pedaço de um bocado de vida vegetal que outrora erguia os seus braços para o céu, no meio de uma mata qualquer, que rola agora no pequeno inferno da lareira, a esgotar o combustível apanhado à mão... cai e resvala para o chão cuspindo pequenas lágrimas de fogo para o tapete que enegrece e marca como património indelével de tantos invernos, de tantos finais de tantos verões...
...E bebe-se mais um copo de vinho tinto no recato do recanto, retirado do mundo lá fora, molhado e agreste... Uiva o vento... única testemunha que fala mas ninguém entende e toda a gente teme... por causa da escuridão ou luz baça e cinzenta que trás com ele... noite ou dia... a paisagem de casas encostadas, como que com medo de ficarem isoladas na densa vegetação da mata encharcada, como que a pedir conforto à comum vizinhança...
...Uiva o vento e entranha-se por entre as gretas que o tempo se encarregou de tirar a calafetação, assobia em tom de desafio e mau agoiro que provoca arrepios e que me faz zombar dele... Penso para dentro de mim: "Fora daqui! Com todo o respeito, não passarás!"
Olá Inverno! Bem vindo!

[DanyDrummer]

Boas Amigo!

Grande Momento de inspiração....Parabéns.
Welcome Winter.!

Abraço

[Bernardo]

Acho que vou fazer plágio aos teus textos para as aulas de português...
Quando o tema for composição livre ou texto poético, já sei onde venho buscar
Faço cá um brilharete que cuidado! Acho melhor registares isso, de preferência na SPA hehe!