Obrigado, Miguel e Cyanide, pela resposta.
Tens razão, Cyanide, no que dizes. Passo a apresentar-me melhor.
Fui daqueles putos que na adolescência sonhava o tempo todo em ter e tocar numa bateria. Cenário típico: ir a bater com os pés no chão e as mãos nas pernas, fosse em casa, nos transportes públicos, nas aulas. Os phones colados aos ouvidos dia e noite, enfim...
Quando tinha aí uns 14/15 anos e estava sozinho em casa - o que acontecia muitas vezes - sentava-me no sofá e metia à minha frente bancos de cozinha com assento de esponja a servir de tarola e timbalões (aqueles redondos, pareciam mesmo uns tom-zitos!) e noutros, mais altos, de assento de madeira, pousava tampas de panela com a pega virada para baixo. As 'baquetas' eram agulhas de crochet da minha mãe. Metia um vídeo no VHS (o concerto de Kreator em Berlin, na tour do Extreme Agression, ou o dos Napalm Death mais ou menos da mesma época) e tentava fazer o mais parecido possível. Falhava redondamente, se bem me lembro, mas divertia-me à brava.
Enfim, muitos anos se passaram e, por uma razão ou outra, que agora também não vale apena explicar, só tive dinheiro para uma bateria em 2007 ou 2008. Tinha um problema - como tocar bateria num apartamento, sem que os vizinhos me tocassem à porta com a primeira baquetada na tarola? Tive que ir para uma electrónica, que remédio.
Comprei a TD6 (com mesh na tarola), que me custou uns 1400 euros, mais pedal duplo e banco, ambos da Fame, que foram mais uns 200 ou assim. Cortei ao meio uma daquelas esteiras de borracha de campismo (não sei bem explicar), meti debaixo de um tapete, a bateria em cima e toca a andar!
Fui tocando e aprendendo por mim próprio. Nunca tive paciência para paradildles ou exercícios similares. Não digo que sejam desnecessários; simplesmente, preferi gastar o tempo livre a ouvir em phones pequenitos, metidos nas orelhas, músicas que gostava, e seguir na bateria, ouvindo o som desta por cima, em phones grandes tapa-orelhas. Nunca tive uma única aula.
Dos 12 ao 16 só ouvia metalada. Sou daqueles que, no natal de 1989, pôde comprar com o dinheiro que recebi, alguns dos discos que se tornaram lendários: And Justice for All (Metallica), Beneath the Remains (Sepultura), Agent Orange (Sodom), The Years of Decay (Overkill), o já referido Extreme Agression (Kreator), etc. Bem, agora que olho para a lista vejo que comprar só comprei dois ou três - um amigo meu comprou e gravou-me os outros em cassete
Dos 16 para a frente fui começando a ouvir mais coisas, alargando o espectro sonoro. Apercebi-me, no entanto, e com o passar do tempo, que gosto sobretudo de música que tenha uma base melódica, tonal (não sei explicar, não percebo teoria musical), sendo esse o factor aglutinador. Assim sendo, tanto gosto do World Downfall, dos Terrorizer (olha, também é de 89!) - oiça-se este exemplo > < - como gosto de This Mortal Coil - - e mil outras bandas pelo meio, em dezenas de outros estilos. Manias...
Em relação a influências, não sei bem que responder. Não sou do género de saber nomes de bateristas, ou de material que usem, ou pormenores desse estilo. Gosto de coisas isoladas;
- adoro o som da bateria dos Mad Season no seu único álbum, Above, (
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mad_Season )
- adoro a maneira de tocar do gajo de Sunny Day Real Estate (eis um exemplo - ), sobretudo uma cena que faz com a tarola, uma baqueta logo a seguir à outra, não sei explicar bem, vê-se ao minuto 1:36 desse vídeo.
- gosto muito do som da bateria e de como toca o baterista de Paradise Lost no álbum Shades of God (o único que gosto mesmo, da banda).
- Os 1ºs álbuns de Candlemass, sobretudo o Epicus, Doomicus, Metallcus. Doom clássico, fantástico!
- adoro o 1º álbum dos The Gathering, , o Always, quando ainda tinha um gajo a cantar - muitas horas passei a fazer air drumming a ouvir aquilo!
- Joy Division, The National, Gravenhurst, Melys, Puressence são todas bandas que têm alguma coisa a ver com o som da banda onde toco (Indie Rock "sério" (!) cantado em português) e por isso acabam por ser influência, imagino.
- Sigur Ros, Mogwai e Godspeed! You Black Emperor, por aquela onda post-rock que começa calminho e parte a loiça no final das músicas.
- Etc, etc, não maço mais!
Entretanto, e como expliquei acima, a banda vai finalmente começar a tocar ao vivo (já temos 11 músicas originais prontas) daí a necessidade de comprar a bateria acústica.
Infelizmente os ensaios terão que continuar a ser com a electrónica, pois ensaiamos na garagem de um dos guitarristas, e os amps deles (umas bestas orange e marshall de 100 watts ou lá o que é) não podem passar do 1, 1,5, por causa de uma vizinha muuuuito complicada, com quem se travaram árduas batalhas para conseguirmos ensaiar (mas assim é de graça, não temos que pagar sala de ensaio).
Se calhar escrevi demais, é não ligarem se for caso disso!
