Citação:
Mensagem Original de Miguel Martinho
Não sabia dessa operação do Thomas Lang!
Nesse artigo ele refere que abandonou o traditional grip e passou para o match grip... isso levanta a questão de que provavelmente o Traditional grip pode não ser ergonómico e até pode ser prejudicial em certas aplicações musicais!
Hum... aqui está um tema para debatermos noutro tópico! 
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Se considerares proveitoso abrir um tópico, força!
De qualquer das formas eu deixo já aqui o meu comentário, pois também se fala na questão de partir baquetas e as razões estão interligadas!
Não concordo que a grip tradicional seja mais prejudicial...
Independente da grip, existe formas indicadas e não indicadas de as utilizar. Se utilizadas de forma incorrecta, qualquer grip se torna prejudicial!
O thomas Lang terá a sua opinião e se considera match grip mais ergonómico para a sua forma de abordar o instrumento terá razão no contexto que cada um pega nas baquetas da forma que se sente mais confortável, é uma questão pessoal. Buddy Rich e Joe Morello também diziam que match grip devia ser utilizada para tocar em tímpanos, cada um com a sua pancada!
Como podes ver pelas fotos, ele foi operado à mão direita em que o factor ergonomia da grip tradicional não se coloca. Segundo a entrevista ele também refere que terá que ser operado a mão esquerda... isto também poderá levantar a questão de qual operação era mais prioritária, e assim a grip tradicional deixa de ser um factor prioritário!
Também segundo a entrevista, ele está a rever as baquetas que utilizava até agora... não sei se sabes mas as suas baquetas signature envergonham algumas das opções exclusivas para as Drum corps. Utilizar baquetas com este tamanho num contexto de bateria também não será de todo ergonómico e acredito que também é uma das causas...
No entanto concordo que se deve ter mais atenção quando se opta pela grip tradicidional... pois o corpo não está habituado aos movimentos e exigências necessários para controlar esta grip e isto inicialmente irá criar algum desconforto e dificuldade que instintivamente nos leva a cometer erros como por exemplo um pega mais tensa para controlar a baqueta.
A evolução da nossa técnica utilizando esta grip deve ser mais metódica e não se deve apressar para assim não criar vícios que serão difíceis de remendar!
Para se entender a razão que leva a lesões ou porque se parte baquetas temos que entender primeiro o conceito físico de quando se ataca uma peça de bateria.
Apesar de não ser perceptível a olho nu (salvo excepções) os pratos e peles são maleáveis, independente da grossura, ou afinação (no caso da peles).
Ao se dar uma pancada numa peça esta irá gerar uma onda de energia que se dispersa pela peça em questão e parte dela retorna ao ponto de ataque, o chamado ressalto.
Ponto 1, ao se utilizar correctamente os conceitos das técnicas.
Se estivermos a" fazer as coisas" correctamente, sendo das mais importantes ter uma grip leve, esta energia que retorna ao ponto de ataque irá se dispersar livremente pela baqueta ou retornar a uma peça da bateria numa segunda pancada.
Uma boa ideia para se perceber se estamos a pegar nas baquetas de forma correcta, é o facto de quando isto acontece elas rodarem nas nossas mãos à medida que tocamos... poderá até nem ser algo demasiado perceptível a nós próprios. (*referencia do Tommy Igoe)
Ponto 2, ao se utilizar de forma incorrecta os conceitos de técnicas.
Sendo o mais grave pegar na baqueta de forma demasiado apertada.
Quando isto acontece a energia que retorna ao ponto de ataque encontra um obstáculo na nossa grip e irá se dispersar pelos pontos de menor obstrução, o quer dizer que iremos receber essa energia em forma de choque nos nossos músculos e tendões, ou, nas imperfeições das baquetas o que as torna mais fracas nesse ponto especifico por onde irá ceder (partir).
É um dos problemas mais naturais nos bateristas, porque o nosso CPU tem estes mecanismos de defesas automáticos, e vê este pormenor como uma agressão ao nosso corpo, o que instintivamente nos leva a contrair para nossa protecção.
É algo que se tem treinar!
Um aparte, as baquetas não partem, isto é uma mentalidade errada, se forem de qualidade elas não partem assim do nada (a menos que tenham um defeito acentuado na sua construção), apenas se desgastam com o uso!
Muito menos baquetas de metal, algo esta muito mal ou com a baqueta ou com nós próprios para se partir umas baquetas Ahead.
Outra questão, é como alguém pode achar baquetas de metal algo viável... é só entender como a energia de se dissipa pelo metal para ter a noção do quão prejudicial é para as nossas mãos.
Também é verdade que nunca existiu tanta preocupação com as possíveis lesões que um baterista pode ter como agora. Isto também é sinais dos tempos e como as coisas mudam.
Actualmente qualquer puto que tenha interesse no instrumento, tem um fácil acesso a uma bateria se assim entender e começa logo a tentar sacar umas musicas, se calhar passado uma semana já está com os amigos a fazer barulho coordenado em cima de um palco, depois compra mais um prato, a seguir um pedal duplo, etc... no meio disto tudo até poderá ter umas aulas em que um tal de professor lhe ensina uns grooves e tal... mas técnica? será algo que porventura se irá preocupar quando tiver algumas dificuldade em sacar alguma cena.
Técnica tornou-se algo completamente secundário nos dias de hoje, até "estilo" é mais importante... e isto chegou a um ponto que muitos destes novos bateristas nem conseguem compreender ou definir o que é a técnica e muitas vezes saem-se com "este gajo tem alta técnica" para definir algum baterista que até da lua se vê que o gajo(a) é medíocre nesse sentido... utilizam a palavra técnica para elogiar alguma característica que não tem nada a ver com o assunto!
A falta de treino numa das bases mais importantes cria um conjunto de bateristas que estará mais susceptível a lesões e claro que depois isto se torna um assunto recorrente, tal como o numero de baquetas que conseguem partir...
É só olhar para as biografias dos mestres das décadas de 60 e afins para encontrar um ponto recorrente. Raros são os que começaram directamente numa bateria, um professor na altura nem punha em causa dar aulas de bateria num kit a alguém com uma fraca técnica de mãos (*referencia Steve Smith) e como tal passavam os primeiros 1/2 anos de aulas agarrados a uma caixa de marcha a treinar. Nem 8 nem 80, mas a verdade é que os bateristas destas décadas tinham uma capacidade técnica muito acima da média... o que hoje é motivo de destaque, na altura era algo normal...
Ps. Eu utillizei palavras caras como onda de energia e afinas, porque achei que era a forma mais fácil de passar a minha opinião, não porque sou algum tipo de cientista maluco. LOL