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[Entrevista] Slipknot - Julho 2008
Metal Hammer (MH)- É normal ensaiarem numa arena?
Shawn ‘Clown’ Crahan [Percurssão] (SC)- Não é normal. Mas não é surpreendente, tendo em conta o nível em que estamos. A ideia foi minha. Practicar numa sala pequena para limar arestas, e depois sair e ganhar aquela sensação da estrada de novo. Senão estavamos a ensaiar nas casas uns dos outros, e tendo em conta que nós somos nove ‘irmãos’ imagina esses nove ‘irmãos’ com as suas nove familias, cada uma com a sua forma de estar e pensar, com as suas crenças e morais, era uma insanidade! Por isso ensaiar aqui faz sentido.
MH – Houve um série de inundações em Des Moines recentemente. Afectaram a banda?
Corey Taylor [Vocalista](CT) – Nem por isso. Andei uns dias para trás e para a frente a ir buscar gente conhecida à planicie inundada, e acabei por ter a casa cheia de gente durante uma semana.
MH- Durante vários anos existiram rumores que voçês se odiavam mutuamente. É a banda assim tão disfuncional?
Joey Jordinson [Baterista] (JJ) – Sim, somos muito disfuncionais. Mas é assim, todos nós crescemos juntos, por exemplo eu e o Mick (Thompson, Guitarra) somos os melhores amigos, e eu destestava-o, a sério nós odiavamo-nos. Eu e o Shawn somos provavelmente os mais unidos em toda a banda, mas também somos os que passamos menos tempo juntos, isso porque gostamos muito um do outro e controlamos muito o que se passa nos Slipknot. Estamos constantemente à ‘cabeçada’. Lembro-me que antes do Ozzfest a tensão entre nós os dois podia-se cortar com um faca, era tão intenso que um dia sai do ensaio fod ido da vida e disse: “Vão-se FO DER! Eu DESISTO!”. Logo por ai se vê o quão stressados estavamos e acreditem que o Shawn é bem maior que eu. E logo após eu dizer que desistia o Shawn virou o set dele, veio até mim virou o meu set todo de pantanas e agarrou-me pelo pescoço, eu agarrei-o pelo pescoço também e ia dar-lhe um soco, quando o resto da banda caiu-nos em cima. Tivemos as nossas quezílias que muitas vezes acabaram em pancadaria, mas hoje em dia já não deixamos isso acontecer. A banda é muito intensa, é normal que acontença, afinal somos nove personalidades extremas.
MH- Ok! Isso lembra-me outra coisa. Numa escala de 1 a 10 quão ‘queimado’ é o DJ Sid? É que ele acabou de me dizer que é um cyborg e acho que ele fala a sério.
JJ- 1 a 10? Tipo 13. Sim ele é doido. Mas se tomares 72 carteiras de ácidos num fim-de-semana, de certeza que vais queimar um bocado o teu cérebro.
MH- Como é que conjugam os vosso outros projectos com os Slipknot?
JJ- Fácil. Os Slipknot vêem sempre primeiro.
MH- Então não foi necessária muita argumentação para reunir toda a gente para o albúm novo?
JJ- Bem, normalmente todos os projectos chegam a um hiato. Certas pessoas da banda decidem não fazer nada, apenas relaxar e estar com a família até ao próximo albúm dos Slipknot. Eu por exemplo trabalho com outras bandas, mas nunca esqueçendo que os Slipknot são a prioridade, e fico feliz de voltar a tocar com o resto do pessoal. Normalmente malta no primeiro ensaio após a reunião costuma estar relaxada, mas desta vez não, parecia a cidade do ‘headbang’, estavamos todos tipo: “Vamos vestir os nossos fatos de Metal e esquecer as outras *****s todas.”. Foi brutal e fiquei muito feliz por isso.
CT- Eu estava completamente focado nesta reunião, aliás tanto que começei a preparar-me para ela durante a última tour dos Stone Sour. Simplesmente começei a apontar ideias num caderno e cheguei ao ponto de ter dois cadernos cheios e estar pronto a começar. Então assim que música estava pronta e as demos começaram a circular, eu só pensava: “OK! Isto encaixa aqui, aquilo encaixa ali.!”. Não apressei a escrita, como muita gente faz. Estava preparado e não só dizia tudo o que queria como estava excitado por faze-lo. Sabia que queria ser mais pesado, mas também sabia que queria misturar isso com um lado mais melódico. E a prova esta aqui, acho honestamente que este é o nosso melhor albúm porque mostra o nosso crescimento e maturidade, continua pesado e caótico, mas têm aqueles momentos que tu dizes: “Fod a-se! Cum’ Cara lho!”. E isso é bom porque quanto mais ouves mais descobres. Existem várias camadas musicais, que se perdem em várias pessoas, temos tanto pensamento e siginifcado por trás de tudo que por vezes choca.
MH – Qual o tema á volta de “ALL HOPE IS GONE”? Falta de esperança talvez?
CT- Não é um albúm politico, nem de intervenção social. Mas também não é um albúm tipo “Fo da-se! O Mundo é uma me rda!”. Acho que aqui o tema principal é que nenhum de nós está igual, mas nenhum de nós está diferente, não vamos resolver nada e isso é que está perdido em muitas pessoas. Este albúm vem colmatar isso.
MH- Como foi ter o Dave Fortman como produtor?
JJ- O Dave foi genial! Não foi o mesmo de quando estavamos a gravar com o Rick Rubin, ele era tipo um oráclo. Ele tinha pequenas visões a partir de casa dele, sentava-se na sua pequena biblioteca com o terço nas mãos, tinha uma ideia e dizia ao engenheiro de som o que fazer. Era um forma estranha de gravar. Com o Dave é diferente ele estava lá a toda a hora, todos os dias. Quando escrevemos músicas, escrevemo-las muito longas, tipo o ‘And Justice For All’ dos Metallica, músicas com 9, 10 ou mais minutos. O Dave ajudava-nos a cortar a música para o tamanho ideal. O esquema com o Dave é que ele percebe muito de afinações e musicalidade e finalmente consegui o melhor som de sempre na bateria, e não só, as guitarras, o baixo a percurssão.... Finalmente temos aquele som a que podemos chamar o som Slipknot. O som que sempre quisemos ouvir.
MH- Agora têm novas máscaras e fatos. Sentem-se presos a eles?
CT- Não! Não temos só estas máscaras e fatos. A diferença é que estas máscaras e fatos fomos nós próprios que os arranjamos. Continuam a ser coesas, mas são um bocado mais individualistas. Já começamos com este processo no último albúm [Vol. 3 (The Subliminal Verses)], faz parte da evolução e se não evoluis, morres. Não interessa o que os fãns dizem na ***** da internet, ninguém quer ver a mesma ***** vezes e vezes sem conta. Desta vez nós sentimos que era importante estarmos representados como individuos e não só como banda, ou seja como peças de um puzzle. As novas máscaras e fatos, vão do chocante ao subtil e são simplesmente o reflexo de cada um de nós. Os fatos de macaco mantiveram-se porque queremos aparecer como uma unidade.
MH- Desde o ínico da vossas carreira que foram etiquetados como “NU-METAL”, nesta altura de certeza que já ultrupassaram esse rótulo...
CT- Existiam umas quantas bandas que eram muito boas, e tinham uma atitude excepcional, como por exemplo os SNOT. Eles eram um banda brutal,os primeiros albúns eram soberbos, porque eles tinham muita atitude. Mas no entanto tinhas bandas como os LIMP-ME RDA-BIZKIT, e as tretas dos POD, onde havia zero talento. Era frustante ser apanhado nessa onda, e como as pessoas muitas vezes não pensam por elas e adoram opiniões forçadas, basta uma p uta de uma revista dizer que és “NU-METAL”, que muita gente aceita isso como dogma. Felizmente conseguimos ultrupassar esse preconceito, nós somos simplesmente uma banda de Metal. Como sempre experimentamos muitas coisas diferentes e fomos crescendo e ficando fortes rapidamente, aqueles que não nos conheciam e não eram nossos fãns, não sabiam o que nos chamar e foram nessa treta do “NU-METAL”. E tendo em conta a nossa evolução acho que acabamos por criar o nosso próprio estlio. E agora já há muita banda baseada em nós, e isso é estranho...
MH- Os Slipknot foram pioneiros por serem uma das primeiras bandas de ‘metal-extremo’ a chegar ao mainstream. Chocou-vos quando isso aconteceu?
CT- Na altura nem nos preocupamos com isso, estavamos ocupados a trabalhar, afinal de contas estivemos 18 meses em tour e apenas 3 semanas em casa nesse tempo todo. Estivemos fora muito tempo. Sabiamos o que podia acontecer, por isso não baixamos os braços e fizemos o que tinhamos de fazer porque simplesmente nos recusamos a perder. E quando finalmente podemos respirar fundo, já estavamos prontos para arrancar com a tour do “IOWA”, e foi quando olhamos à nossa volta e foi algo do tipo: “WOOOW!!! Olha para o que fizemos! Nós somos grandes comó cara lho!” . Iamos tocar em Dallas num arena que já foi demolida que se chamava Bronco Bowl, aquilo era tipo uma mini-arena (quase com a mesma lotação total do nosso Pavilhão Atlântico), e estava a rebentar pelas costuras, havia gente até ao tecto. Lembro-me de entrar em palco e pensar: “FO DA-SE! Vamos abrir para alguém!? De onde é que veio esta gente toda?”. Eles sabiam tudo, cada letra, cada avanço da música, foi brutal. Sai d epalco com um grande sorriso na minha cara e pensar: “Algo está diferente, já não somos aquela banda de abertura! E acho que nunca mais vamos ser, só se estivermos a abrir para os Metallica ou alguém desse género”. Foi uma loucura, e sem dúvida a melhor sensação na minha vida.
JJ- Bem, não aconteceu da noite para o dia, poirque trabalhamos no duro....e depois aconteceu da noite para o dia. Fomos fazer o Ozzfest e ao fim de 3 semanas de tour, já tinhamos vendido 150.000 albúns. Todas as vezes que tocavamos, todas as outras bandas nos vinham ver, até os grandes Black Sabbath. E nós só queriamos sangue, era um ódio visceral a toda a gente, era do tipo: “ VÃO-SE FO DER!!”, porque essa sempre foi a nossa mentalidade. Nós gostamos de muitas outras bandas, e de muita música diferente, mas quando somos nós a tocar, não queremos saber de mais nada, o que importa somos nós. Por causa disso pensam que somos arrogantes, não se enganem, nós somos muito arrogantes. Acreditamos na nossa arte e engenho. Acreditamos nos Slipknot.
MH- É difícil aceitar que vão passar o próximo ano ou mais de máscara?
JJ- Nem por isso. Estamos todos ansiosos por voltar e tocarmos juntos. Isto é como estar em casa. Nós fazemos pausa neste projecto que são os Slipknot, porque os Slipknot não são só música, são uma força, um estilo de vida. É quase como estar preso, estás enterrado em ***** até ao pescoço, estás atado. Temos que estar na nossa melhor formas todas as noites para pertencer a esta banda. Isto não é fácil de tocar, ainda mais quando conjugado com a nossa performance em palco, o facto de sermos 9 e tocarmos de máscara é muito intenso. Mas a verdade é que ainda estamos juntos. Os 9 originais ainda estão juntos, quantas bandas podem dizer isso??
MH- Então nunca ninguém tentou sair?
JJ- Não. Nunca ninguém tentou sair. Para evitar isso é que ao fim de 15 meses de tour, nós pensamos em fazer pausas e agarrar outros projectos, só para aliviar o stress. Mas quando voltamos aos Slipknot é sempre a ‘abrir’, ninguém brinca em serviço.
MH- Então o que podemos esperar desta próxima tour?
SC- Para começar nós somos muito musicais. Eu toco a me rda da percurssão por isso habitua-te! Eu ganhei o direito para o fazer, já cumpri a minha pena, estive na montanha com os filhos da pu ta dos mestres do Kung-Fu a aprender, se não o consegues aceitar, vai brincar com os putos então. Eu melhorei a minha arte para este albúm, ganhei todas as medalhas de escuteiro e estou no meio do mato sem ferramentas, sem tenda, sem nada, só pura sobrevivência. Fica a saber que eu sou o gajo que come esta me rda crua, se houver um animal eu vou comer o cab rão. Isto é Slipknot cara lho! É isso que podes esperar!
MH- Os Slipknot estão destinados a durar para sempre? Ou ainda têm que escrever o capitulo fonal da história?
SC- Agora é que acertas-te. Mais ninguém sofre como eu, a tentar descobrir uma forma de finalizar isto.
JJ- Bem, eu não acho que este seja o nosso último albúm, mas sem dúvida que este é algo de sério. É tipo o filme ‘Friday The 13th – Part IV : The Final Chapter”, é o filho da pu ta do climax.
MH- São os Slipknot como os Kiss, ou seja se perderem um membro, é só arranjar alguém para usar a máscara dele?
SC- Não! Se eu saisse desta banda, estava acabado. Se o Joey Jordinson saisse ele estava acabado. Todos nós se alguém saisse. Percebe que isto está fora do nosso controlo desde 1998, e o mundo é simplesmente muito burro e muito anti-arte, para perceber o quão importante isto é, e para aceitar a verdade, que se eu saisse era o fim. Nunca existiria um percurssionista para me substituir, nós somos “OS NOVE” e não existe mais ninguém.
Após nove longas, tensas e ocasionalmente violentas horas, os Slipknot começaram a sair para a noite morta e escura de Des Moines. Falta apenas uma semana (relativamente a data da entrevista) para o ínicio da MAYHEM TOUR, que vai correr os EUA de costa a costa. E isso é apenas o começo, assim que o albúm for lançado, é pouco provável que algum destes nove soldados volte a casa durante um ano ou mais. Embora a banda esteja ansiosa, para o seu muito aguardado regresso à estrada, o devastador ‘ALL HOPE IS GONE’, será provavelmente o seu melhor e maior albúm de sempre. Como sempre a tour será devastadora e como nos disse Shawn Crahan, os Slipknot são um culto, um culto de dor.
Créditos:
Metal Hammer – Summer Edition 2008
Entrevista por: Ken McIntyre
Tradução: Rikishi
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"When playing drums, always give your best!" 
SUCH IS THE RULE OF HONOR!
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