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Não lido Qua, 24 de Setembro de 2008   #11
psilva
 
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psilva será famoso em breve
Re: Qual(is) a(as) forma(s) correctas de captar o som ( micar ) nas baterias acústicas?

Disclaimer: Post longo

Antes de mais, não há “A” forma correcta para micar as baterias. A forma correcta varia de momento para momento consoante o baterista, a bateria, o espaço, a música, o estilo...

A experimentação na busca do melhor som (ou pelo menos o mais adequado) é “A” forma correcta.

Quando tocava mais a sério e activamente (tinha banda, espaço e tempo), usei vários métodos mais ou menos alternativos de micagem. Não digo que sejam os melhores, nem que sirvam para todas as ocasiões, estilos e tamanhos, mas são bons para aprender a jogar fora do tradicional e experimentar.

Obviamente que o resultado varia consoante os equipamentos disponíveis, sendo que eu nunca os tive de grande qualidade.

No entanto alguns factores são fundamentais e permanentes como a qualidade e competência do baterista (a maneira como toca em oposição à destreza), a bateria a soar bem (a afinação é fundamental e eu infelizmente nunca fui grande coisa) e o espaço onde se toca. Isto aliado ao posicionamento e reposicionamento persistente das captações com vista a obter um bom e fiel som sem quaisquer artefactos de processamento (equalização, reverb,...) é meio caminho andado para a satisfação sonora.

Depois há alguns truques como a utilização de elementos absorventes (ou até reflectores) á volta do kit para o realce ou atenuação de determinadas características.

Um que usei foi “roubado” da técnica das gravações de bateria dos anos 40/50 (creio) que devido às condicionantes técnicas dispunha na melhor das hipóteses de uma captação para a bateria. Esta captação era feita por cima da cabeça do baterista (virado para a bateria obviamente). Sendo que o objectivo seria captar o que este ouvia e como ouvia, servindo o mesmo como “técnico de som” subindo ou baixando os níveis pela intensidade ou modo como tocava. Esta técnica é excelente para se tomar consciência das dinâmicas e evoluir tecnicamente.

Uma variante a este esquema é a utilização de duas captações conseguindo uma panorâmica, sendo que neste caso o posicionamento e o cancelamento de fase começa a ter que ser estudado para a obtenção de resultados.

Depois utilizei a técnica dos 3 micros que é uma captação à frente do kit, a media altura a apanhar a imagem frontal da bateria. O distanciamento deste à bateria provoca grandes (e interessantes) alterações das características e ambiente do som. O objectivo é captar principalmente o bombo, numa 2ª leitura os toms mas também um pouco da tarola e pratos. Uma 2ª captação por cima do ombro direito (baterista destro) ou algures num arco imaginário com o centro no ponto de impacto da tarola e a passar pela mencionada posição por cima do ombro a apanhar tarola e choques, mas também os toms e pratos. A 3ª por cima do tom de chão a apontar para a tarola, equidistante ao ponto de impacto na tarola com a 2ª captação. O que eu fazia era medir com duas baquetas justapostas para posicionar os micros. Também aqui o controlo de dinâmicas é fundamental. Esta técnica, ao jogar (muito) com o afastamento da 1ª captação está mais indicada para a gravação isolada da bateria, mas também se obtêm resultados interessantes em conjunto com os outros instrumentos.

Aliás, aqui um parêntesis, sobre a separação de todos os elementos para a posterior mistura. Pessoalmente salvo alguns estilos onde isso seja fundamental ou em gravações claramente profissionais (e mesmo aí...) considero que a mistura (bem) feita logo na captação pode facilitar na coesão posterior do som e possibilitar mais rapidamente a obtenção de resultados satisfatórios. Não me desgosta(va) o resultado de gerir os níveis de vários ouvidos (captações/micros) na sala de ensaio que apanhando fundamentalmente uma fonte também apanhavam os restantes e o melhor de tudo o ambiente. Mais uma vez, isto não é aplicável para todos os géneros.

Ultimamente, mais numa versão mais tradicional de captação ao vivo tinha vindo a fazer uma captação na tarola (alterando o posicionamento a gosto ou necessidade) uma no bombo e duas em overhead num compromisso entra a técnica explicada acima e a sua posição tradicional. Que é uma variante próxima de um dos esquemas apontados atrás pelo João Gil

Eu sei que participo (muito) pouco aqui mas já tinha saudades de pensar nestas coisas e saiu-me!
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