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Não lido Seg, 7 de Dezembro de 2009   #14
JoãoCampos
 
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JoãoCampos é um glorioso foco de luzJoãoCampos é um glorioso foco de luzJoãoCampos é um glorioso foco de luzJoãoCampos é um glorioso foco de luzJoãoCampos é um glorioso foco de luzJoãoCampos é um glorioso foco de luzJoãoCampos é um glorioso foco de luzJoãoCampos é um glorioso foco de luzJoãoCampos é um glorioso foco de luz
Re: Loudness War - A técnica da indústria discográfica para aumentar o volume da música em

Citação:
Mensagem Original de Pazuzu Ver Mensagem
A questão é sempre a mesma, arranjar maneira de agradar ao maior número de pessoas, e infelizmente as pessoas são atraídas muito mais por todo esse «poder», «bujarda» ou o que lhe quiserem chamar, que determinadas bandas do espectro metálico debitam, do que propriamente a musicalidade daquilo que se toca, dos riffs que se constroem ou até mesmo pelo som natural duma bateria acústica.
Lembro-me bem, há coisa de 15 anos quando comprei a minha bateria de ter estranhado a diferença de som entre aquilo que ouvia nos cd's e a bateria que tinha comprado, e na época o digital não estava tão desenvolvido como hoje em dia.

Pessoalmente já fiquei «fascinado» por todo esse poder de bandas como Nile e todos os seguidores do brutaldeath americano, mas sinceramente tudo isto é «sol de pouca dura» porque pura e simplesmente é cansativo... quanto mais se ouve pior é. Ao contrário por exemplo de bandas como Led Zeppelin, Pagan Altar, Iron Maiden, onde a cada escuta parece que se descobre um pormenor novo que ainda não tínhamos ouvido.

Por acaso até há bastante pouco tempo tinha a mania de ligar sempre a função de LOUD no auto-rádio do carro, e dei-me conta que o som é bastante parecido, senão igual, àquele que se produz quando aplicamos um compressor multibandas no Nuendo ou coisa que o valha. Pessoalmente enjoei desse grave que é puxado e que parece encher toda a música, em quantidade mas não em qualidade. Actualmente não o utilizo e prefiro tentar equalizar o som o melhor possível sem recorrer a esta função, que aliás ouvi no curso de som que frequentei, que deveria ser utilizado quando a intensidade sonora é mais baixa porque aí os graves perdem bastantes dB.

Eu daquilo que me recordo de ter estudado sobre a questão do Loud nas aparelhagens era que este tem mais a ver com uma subida de graves e agudos do que propriamente essa "comparação" com compressores.
Vejamos:
um compressor, por exemplo um plugin do Nuendo. Imaginemos que estamos a fazer uma análise detalhada da captação de uma tarola, e que aquilo por alguma razão está a clipar (um sinal clipa porque o sistema não suporta aquela quantidade de informação, não tem um dynamic range que a suporte). Um compressor serve não para cortar frequências acima dos 0, -5 db (o que estabelecerem) mas sim para atenuar essas frequências de forma a que a intensidade sonora ronde esses valores. Isso que se falou em cima por alguém da perda de informação substancial tem mais a ver com limitadores que cortam tudo o que é frequência acima dos X décibeis. Ou seja, neste caso da captação da tarola, a cena é feita para uma certa dinâmica do baterista e aplica-se um compressor, porque se ele manda um rimshot super intenso e todo o sinal dispara o software ter um sistema de atenuação de maneira a que o sinal não clipe. Se se perde informação? Penso que sim, visto que há uma modificação do fenómeno físico natural.
Relativamente ao Loud nas aparelhagens:


A imagem não é a melhor, mas basicamente é um gráfico referente ao ouvido humano.
Interpretando:

.Precisamos de um alto nível de intensidade sonora (dB) para sentir os graves
.É preciso muita pouca intensidade sonora para sentirmos os médios
.E de novo, que não mostra o gráfico, é preciso mais intensidade sonora de novo para sentir os agudos (não tanto como os graves)

Ou seja:
O ouvido humano é muito sensível aos médios (1-10 KHz segundo o gráfico, não sei se são esses os valores) , mediamente sensível aos agudos e pouco pouco sensível a graves. A melhor maneira de testar isto é meterem uma música no iTunes ou num player normal, pegarem no equalizador e subirem tudo quando é médios. Vão sentir um desconforto enorme, e se abusarem até dor, porque o nosso ouvido responde muito mais a essa gama de frequências (relativamente à dor, chama-se limiar da dor aquilo a que está no gráfico, que é o máximo dos máximos que o nosso sistema auditivo consegue aguentar, relacionando as frequências com intensidade).
Se repararem, no EQ normalmente o mais agradável de se ouvir é (normalmente) o ROCK, POP vá, não sei bem quais são as definições, mas que basicamente o gráfico é um V. Bons graves, poucos médios, Bons agudos.

Isto tudo para dizer o que:

A função LOUD nada mais faz do que subir os graves e os agudos da informação que estamos a receber, e como o ouvido humano se comporta da maneira que expliquei sentimos uma espécie de conforto porque os médios estão a ser mais "camuflados" (não sei se será bem o termo). Quanto à perda de definição devido a funções de Loud penso que terá a ver precisamente com os médios, que é exactamente o que dá por exemplo definição à voz numa música (se no vosso player tirarem medios, a voz basicamente é aniquilada).

Peço que me corrijam se tiver dito algo que não seja verdade. Tive essa cadeira o ano passado, a informação vai-se perdendo, mas daquilo que me recordo era à volta disto.

Btw, um belo desenterranço de tópico que eu nem conhecia este
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MISSOM
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