Bons carneiros e maus pastores

[LEONEL RODRIGUES]

Somos mesmo um rebanho de carneiros. Vamos para onde nos mandam, fazemos o que nos ordenam e esboçamos uns ténues resmungos. As ovelhas e os carneiros por vezes quando têm um mau pastor nem sempre acatam a ordens que no seu entender são absurdas. Mas nós, perfeitos robots dizemos mal de tudo, criticámos a direito, mas actos?....muito suavezinhos, e até mudámos de opinião quando um qualquer bem falante e qual arauto das boas-novas, verborreia a vã esperança, vem qual paladino da infelicidade dizer que ....podia ser pior.
Nesta carneirada, na qual me incluo, deixámos que façam mesmo pouco de nós, indiferentes ás auto-remunerações deste governo de chicos espertos e bajuladores do Nazismo Merkliano, desta perda de identidade e soberania, da alienação de empresas lucrativas a preços de saldo, do injusto pagamento de défices bancários enormemente lucrativos para quem está "preso"...etc.
Sinceramente até dá vontade de pedir asilo político a Marrocos ou sei lá a que país.
A Palestina debate-se com aquilo que sabemos, mas ao menos bate-se pela soberenia e indentidade nacional. Nós ao que parece nem sabemos o que isso é ou representa.....


Mas também...
Aquele aguentar da polícia de choque, a meu ver foi bem montado. Levar o resto das pessoas a pensar que não havia mais tolerância para a descarga...passaram a anginhos os diabos que se auto-remuneram e mentem ao resto do povo. Mas as pedra as pedras também falam alto nas imagens. Essas pedras tão bem aproveitadas por quem deu uma de piedade e tolerância. Já vi bem por menos descargas policiais violentas num passado mais ou menos recente. A comunicação social também ajudou e muito á injustiça. Mas as pedras também falam. As declarações de um dos Pinóquios, o Macedo, parecia há muito elaborada e melhor estudada. Agora com isto esses gajos.....vão fazer o que quiserem...


Abraço de um desabafo!!

[benpcampos]

Concordo plenamente, eles acham-nos alguns sapos?
Sim, digo sapos - continuando a tua analogia aos animais - porque há quem diga que se consegue ferver um sapo se o colocarmos em água fria e a formos gradualmente aquecendo. O sapo não se apercebe desta subida de temperatura e não salta da panela, acabando por morrer.
Eu até posso acreditar que o país está económica e financeiramente na miséria, que só tenhamos dinheiro para mais uns 8 anos de reformas e que é impossível manter o estado social - que no caso da saúde foi usado pelo Obama, a par do sistema sueco, como exemplo a seguir.
No entanto acho que o caminho que o pastor nos está a fazer seguir não é o correcto, e que vai em direcção ao precipício!
Eu acho que a Europa está a tentar igualar em termos laborais os dois extremos, e o que é mais fácil: melhorar os níveis de Leste ou reduzir os da praia Ocidental?

Abraços de uma prolongação de um desabafo!

[Tomcat]

Concordando com grande parte do discutido, não consigo contudo deixar de comentar o episódio do dia da greve geral à entrada do parlamento, quando a policia carregou sobre os manifestantes.

Acredito e sou a favor do direito constitucional à manifestação, no entanto, há que compreender que as pessoas por detrás dos escudos da policia são isso mesmo, pessoas, pelo que, eu pondo-me na sua pele, ali a fazer o meu trabalhinho que jurei e sou obrigado a faze-lo, e tendo um cacetete na mão ou um pelotão sob minhas ordens e minha responsabilidade, a levarem pedras da calçada pela cabeça abaixo, provavelmente até teria agido mais cedo... o que é que eu quero dizer com isto? Concordo EM MUITO na comparação e analogia ao facto de todos nós sermos um rebanho de carneiros que para aqui andamos, com coisas que todos os dias aparecem nas noticias e que nos caracterizam cada vez mais como tal (ora é cada vez mais carros novos de luxo do estado, ora é cada vez mais excepções aos cortes nos subsídios de férias/natal, ora é cada vez mais ordenados da função pública acima do presidente da republica, ora é milhentas PPP's, fundações, e associações duvidosas com ajudas milionárias do estado e fintas à justiça, etc, etc, etc), mas não nos podemos esquecer que, apesar de rebanho, não somos carneiros, somos pessoas e não é a actuar em manada a partir multibancos e carros, incendiar caixotes do lixo, atirar cocktails molotov ao parlamento e pedras da calçada à policia que vamos contribuir para um país melhor ou sequer dar o exemplo no que quer que seja.

E está claro que que os incidentes não correspondem à atitude da maioria dos manifestantes, estamos a falar de uma minoria que causou distúrbios, tudo bem, mas a partir do momento que estes começaram a acontecer, concordo 100% com a decisão da policia em actuar para dispersar a manifestação com recurso à força e tentar apanhar os infractores. E não foi por falta de aviso porque pelos vistos até avisaram com antecedência que iam carregar.

Isto para dizer o quê, e dando um exemplo: num agregado familiar de duas pessoas com habilitações literárias que até estorvam, uma desempregada à 3 anos, e outra com a sorte de trabalhar, apesar de a 300km de casa, pessoa essa que já inclusivé teve que vender a metade da bateria (a alma portanto) e até tem a outra metade à venda para ir "aguentando o barco", é normal o sentimento de revolta depois do esforço de vida que nós povo andamos a fazer, aparecerem diariamente noticias que nos fazem sentir uns carneiros aqui a comer a bela da erva quando há por aí fora gente a mamar na teta à nossa custa que é uma coisa parva. É pá, mas não vamos agora atirar pedras e partir tudo e esperar não ter consequências na mesma moeda.

Só isso.

Já agora deixo uma pergunta no ar: de entre aqueles que usufruíram do direito à manifestação e usufruem do direito à greve vezes e vezes sem conta, quantos se dignaram a votar nas últimas legislativas e se dignam a cumprir com o direito e DEVER de voto?

Fica o desabafo também. E espero não ferir susceptibilidades, até porque nem policia sou...

Um abraço.

[LEONEL RODRIGUES]

Tomcat.
De forma alguma sou vidente ou tenho algum conhecimento com algum político, mas aquele "aguenta cavalos", tem o seu quê, senão vejamos.
De certza absoluta que todas aquelas pessoas que não escaparam á investida foram aquelas que foram com o intuito de reclamar ainda que vãs, as suas perdas de direitos e as suas vidas quase que perdidas, porque quem agrediu a meu ver cobademente e incitou a investida ...sinceramente leva-me a pensar que se calhar foi um pequeno golpe de teatro.
Vejam-se as declarações bem delineadas do papagaio de serviço.
Se porfiarmos por esse prisma vejamos como o orçamento de estado está a fluir com a pena de todos os contribuintes por esse grupo de malfeitores que é são os boys do (des)governo.
Acho mesmo que foi uma grande manobra, de forma a retirar qualquer tipo de razão a acções futuras. E isto não é demagogia. è o teatro no seu mais puro designio como manda a regra da autocracia.
Mais um desabafo e um abraço

[Tomcat]

Sim, longe de mim estar a bater o pé a defender se houve ou não uma manobra intimidatória ou uma componente teatral no que se passou, não estou a discutir isso nem quero. Mas é um bom ponto de vista!

Mas aliás, nem estamos a discutir, estamos a partilhar opiniões e a desabafar, não é verdade...

Não sei o que o tal papagaio disse pois, apenas falei acerca do pouco que vi nos telejornais....confesso. Mas que vi bastantes pessoas a arriarem calhaus de calçada ao ponto de ricochetearem nos capacetes dos agentes, lá isso vi!

Portanto o que apenas opino e opinei é relativamente à macacada que se passou, que, independentemente do motivo da manifestação e das 1001 razões que fizeram a maioria das pessoas irem lá e com razão para tal (no seguimento do exemplo que dei anteriormente, também eu merecia estar lá, quis ir mas não pude) o que é certo é que outras estavam lá para armar a confusão. E caro amigo, independentemente do quão as nossas vidas estejam a ser destruídas, nada nos dá direito de tentar dar cabo da vidas do policias à pedrada. E portanto, por muitos bons motivos que tenhamos, nós população, de nos manifestar-mos, o que é certo é que, se eu na minha pessoa individual, chegar à rua e vandalizar a via pública ou ameaçar a integridade física de um policia, vou preso! Por isso que considerei normal a reacção da policia, até pelo que a comunicação social disse acerca de ter havido aviso prévio de que a policia iria investir.

Ora, quem lá estava a fim de, pacifica e civilizadamente reivindicar os seus direitos e defender as razões que os fizeram ir lá, não era de bom grado terem saído nessa altura que estavam a ver os ânimos a azedarem e a policia a avisar que iria intervir? ...era o que eu teria feito. Só isso.

Infelizmente não correu bem.

[nmpms77]

Vou deixar aqui uma pergunta no ar, as manifestações pacificas resolveram alguma coisa? Agora aqui fica outra, as manifestações agressivas resultaram?
Então se o povo, QUE PAGA O ORDENADO A ESTES "ILUMINADOS", não é ouvido quando pede contas deste (des)governo, que pela violencia quer pela forma pacifica, então que outra forma nos resta?
Quando a nossa entidade patronal nos pede contas do trabalho que nos é pedido, nós não insultamos nem podemos virar as costas e manda-los f++++, não é? Temos que respirar fundo e satisfazer esse pedido de quem nos paga o ordenado.
O que acontece com os nossos governantes é que quando o povo pede contas da m**** que andam a fazer, estes senhores fecham-se dentro do seu belo Mercedes(pago por nós) e mandam a policia (pagos por nós) descascar no povo, e arrancam para irem ao jantar/almoço (pago por nós) com este e com aquele doutor/engenheiro (com um curso pago por nós) que por acaso gere uma PPP (que tb é pago por nós) ou então é um Relvas qualquer que tem um excelente cargo no governo (pago por nós)e até se intitula como Drº mas não tem qq tipo de formação para o cargo ou para o estatuto de Drº, que nós estamos a pagar... e poderia estar aqui a descrever um dia na vida destes senhores que todo o texto seria com a treminação "pago por nós". Ora se estas sanguessugas que são pagos por nós não são rentaveis ao país, teriamos que fazer o que qq empresa faz quando o empregado não presta...RUA!!! Gostaria ainda de deixar uma critica a TODOS os Portugueses (QUE VOTAM) Somos a pior entidade patronal que existe, pois temos a "empresa" na bancarrota e não despedimos estes empregados da tanga.

[Miguel Martinho]

A manifestação oficial das associações e sindicatos já tinham terminado há algum tempo.
A CGTP já tinha desmobilizado há 2 horas antes dos confrontos. Os dirigentes da CGTP perderam o controlo sobre essa malta das pedras e foi-se embora.
Só lá ficou quem quis e quem achou que apesar do apedrejamento todo a policia ía ficar quieta desta vez.

Violencia não leva a nada e se os manifestantes tinham alguma razão, perderam-na toda.


Já agora, existe o direito à greve, o direito à manifestação ordeira, MAS também existe o direito ao trabalho, coisa que muitos grevistas não respeitam ao boicotarem os meios de deslocação de quem quer trabalhar.
E isto os sindicatos esquecem-se constantemente.

[Simao Pedro Sa]

Os sindicatos funcionam muito bem na maioria das vezes, o defeito que têm, é que estão sempre ligados ao partido comunista, não é que seja contra, mas uma vez que defendem os trabalhadores de qualquer área, acho que deviam ser imparciais no que toca a politica, isto é só um desabafo.

Quanto ás manifestações, estou de acordo com o que já foi dito acima, os manifestantes poderiam ter 1001 razões para se manifestarem, mas perderam-na toda quando começaram com as agressões!

Um outro ponto de salientar é a razão dos manifestantes, aposto que metade deles não sabia o que estava a lá a fazer... sim é verdade, ja perguntei a pessoas que foram a manifestação o que tinham ido lá fazer, e a maioria das respostas que tive foram do género: "ahh eu fui porque fui fazer companhia ao "tone" e havia um autocarro de borla que nos levava a todos"
Mas estamos onde?? é muito bonito destruir o que é de todos? É muito bonito agredir a policia? Que raio de portugueses é que somos car*lho?? Não devíamos lutar para termos um país justo? Em vez de usar a agressividade não deveríamos lutar sem recorrer ao uso da força?

É certo que o país está em crise, mas na minha opinião não é com violência que vamos acabar com a crise!

Tenho dito!

[Tomcat]

Mensagem Original de Miguel Martinho

MAS também existe o direito ao trabalho, coisa que muitos grevistas não respeitam ao boicotarem os meios de deslocação de quem quer trabalhar.
E isto os sindicatos esquecem-se constantemente.

Ora nem mais.
Também tenho tido uns episódios espectaculares com a CP. Agora em novembro, sempre que ia tirar o bilhete, diziam-me: "não garantimos que chege ao destino por causa da greves"; não posso tirar bilhete com um ou mais dias de antecedência porque "não sabemos se haverá comboio por causa da greve"; chega a sexta a tarde, com o intercidades esgotado, uma pessoa pode sempre ir de regional lisboa-entroncamento-coimbra-aveiro, mas depois dizem que se não houver comboio de entroncamento-coimbra ou coimbra-aveiro, "não garantem alternativa e não reembolsam o bilhete porque eu fui previamente avisado e o aviso consta do site da CP"; e uma pessoa sujeita-se a ficar abandonada no entroncamento ou em coimbra, á noite a ouvir os mochos a cantar... E depois o senhor simpático ainda me disse: "mas ainda temos bilhetes em 1ª classe no próximo alfa pendular". CP=Fixe!



Enfim...

[Sixxen]

A única coisa que tenho a dizer em relação à crise:


Aconselho 1.000.000.000%

[Madeira]

Não concordo minimamente com o que vi (horas de pedradas contra a polícia...) Tivessem as razões que tivessem, mas as pedradas (da forma como foram dadas) é uma situação que não pode ser tolerável:




Sobre as actuais greves neste país, e enquanto existirem aberrações como esta que indico de seguida, todos os que (ainda) têm razão neste país para fazer greve, nunca conseguirão fazer valer os seus direitos enquanto isto não for corrigido:

Nem todos podem ser estivadores mas muitos gostavam
www.publico.pt/opiniao/jornal/nem-todos-podem-ser-estivadores-mas-muitos-gostavam-25633038

Mensagem Original de José Manuel Fernandes

O Código Laboral limita as horas extraordinárias a 250/ano. Não nos portos, onde se chega a acumular 1500h extra


O gráfico está na página 49 do último Boletim Económico do Banco de Portugal mas não me recordo de o ver citado nos jornais, nas rádios ou nas televisões. Mas é um soco no estômago, pois revela que a nossa "taxa natural de desemprego" já está em cima dos 12 por cento quando se situou na casa dos seis por cento durante toda a década de 1990. De uma forma muito simplista, isto significa que mesmo que Portugal não se encontrasse em recessão e não houvesse necessidade de o Estado seguir uma política de austeridade, o desemprego não desceria da casa dos dois dígitos. Porquê? Porque a nossa economia, mesmo aproveitando toda a capacidade instalada, não geraria empregos suficientes.



Quando olhamos para a linha do gráfico do Banco de Portugal vemos que ela começou a escalada por volta da viragem do século e nunca mais parou de subir. Mesmo quando o desemprego real diminuía, o desemprego natural continuava a aumentar. Mesmo quando não faltou dinheiro (a crédito) para "estimular o crescimento", a nossa economia perdia vigor e capacidade de criar empregos.


Enquanto olhava para aquele gráfico vieram-me à memória as políticas dos países onde o desemprego natural não existia, pois o pleno emprego era garantido por lei e pelo Estado, e foi como se revisitasse as lojas cheias de empregados, mas sem produtos para vender, de Havana, ou as profundezas do Metro de Moscovo, onde velhas empregadas continuam de vigia às escadas rolantes, como se isso fosse necessário. Nesses países os empregos eram eternos, mesmo quando não havia trabalho. Portugal escapou a tempo, a 25 de Novembro de 1975, desse destino, mas não escapou por completo à lógica que sustentou e sustenta a ideia de que há funções e regalias que são para toda a vida. E que desejar adaptar modos de vida e de trabalho a realidades em permanente mutação representa "um recuo civilizacional" ou deriva da "tirania do dinheiro e do lucro". Um bom exemplo disso é o que se passa nos portos portugueses, onde um conflito laboral de inimagináveis contornos ameaça uma das poucas áreas onde a economia portuguesa se tem portado bem, a das exportações.



São apenas 400 trabalhadores (num universo de quase 1300 estivadores) os que têm dado nas vistas, quase sempre pelas más razões. Formalmente enquadrados por sindicatos da CGTP (os sindicatos da UGT chegaram a acordo com o Estado e por isso ninguém quer saber de paralisações em Leixões, Sines ou Viana do Castelo), os estivadores em greve têm tido grande protagonismo nas últimas manifestações quer por causa da sua violência, quer por alguns terem sido fotografados de braço estendido (e não de punho no ar). Vale a pena perceber o que os motiva.


O trabalho nos portos ainda é regulado por uma lei de 1993 - ou seja, com quase 20 anos - que, numa altura de ilusão de rápido crescimento económico, cristalizou regras que fazem com que os trabalhadores deste sector fiquem de fora do regime geral do Código do Trabalho. Por exemplo: de acordo com a legislação laboral, o limite anual das horas extraordinárias é de 250 por ano; nos portos, há trabalhadores que acumulam mais de 1500 horas extra por ano. Como é isso possível, perguntar-se-á? Afinal, isso representa uma média de 30 horas extra por semana, uma brutalidade. Pois é, mas os trabalhadores mais antigos (com contratos anteriores a 1993) não necessitam de trabalhar as oito horas de um turno, basta-lhes trabalhar uma para terem direito ao pagamento integral do turno. Mais: existe um regime de prioridades que obriga os operadores a chamar sempre esses trabalhadores mais antigos (que são também os que têm salários base mais elevados) para todos os turnos.



Há muitas outras anormalidades no regime laboral dos estivadores. Existe, por exemplo, uma "carteira profissional do trabalhador portuário" e ninguém que não a possua pode trabalhar nos portos. A concessão dessas carteiras depende das opiniões dos sindicatos, o que não só limita a liberdade contratual das empresas, como se traduz em inúmeros casos de nepotismo. Apesar de, como dizem, o seu trabalho ser muito duro e arriscado, a verdade é que não faltam nos portos filhos, sobrinhos ou enteados dos estivadores mais velhos. A lei em vigor também classifica como trabalho portuário muitas operações indiferenciadas, fazendo com que só possam ser desempenhadas pelos titulares das raras carteiras profissionais, isto é, por quem beneficia de condições contratuais de excepção que nada justificaria existirem no desempenho das funções mais banais.



O actual Governo está, até por causa do Memorando de Entendimento com a troika, a tentar modificar este estado de coisas. Já assinou acordos com 9 dos 11 sindicatos, mas cerca de um terço dos estivadores resolveu assumir-se como um reencarnação dos irredutíveis gauleses, mesmo que isso prejudique fortemente os portos onde trabalham e o conjunto da economia nacional. Basta ver que um dos portos mais afectados, o de Lisboa, já só contribuiu em Outubro passado com 12 por cento para o total da tonelagem movimentada, sensivelmente metade da contribuição de Leixões. Ao mesmo tempo, grandes empresas exportadoras como a Autoeuropa procuram alternativas fora de Portugal ou recorrendo aos mais onerosos transportes por via terrestre. E tudo isto porquê? Porque os tais irredutíveis gauleses querem manter um regime de excepção que permite aos seus campeões ganharem, graças ao regime das horas extra, mais de 4000 euros mensais.



Numa sociedade de expectativas crescentes, regimes como os que vigoram nalguns portos portugueses correspondiam tão-somente à ideia de que se viveria sempre melhor no futuro. Em sociedades como aquelas em que hoje vivemos, onde as expectativas se inverteram, tais regimes não só cristalizam iniquidades como comprometem o que é decisivo nas economias modernas: a competitividade. Se outros sectores da economia não tivessem, nestes 20 anos, mudado profundamente a sua forma de organização, se os seus trabalhadores tivessem ficado presos a horários, funções e regras do passado, se tudo continuasse, nos regimes laborais, como há duas décadas, poucas empresas teriam sobrevivido. Ou então sobreviviam como as empresas fantasmas e imutáveis de regimes como o cubano e o soviético, com os seus trabalhadores sem trabalho.



A verdade, no entanto, é que a resistência à mudança dos nossos irredutíveis gauleses é muito comum em todos os sectores onde se tem a percepção de que, suceda o que suceder, o futuro ainda vai estando garantido. Ou, pelo menos, que não vão ter de enfrentar a catástrofe de um encerramento, essa perspectiva de tragédia que tanto contribuiu para tornar possíveis mudanças como as da Autoeuropa, a tal empresa onde a capacidade de adaptação a novas normas e novos ritmos foi sempre salvando o essencial, os postos de trabalho. E muitos outros exemplos poderiam ser dados, da indústria do calçado ao negócio bancário.


O que se passou em Portugal é que, em certos sectores mais protegidos da economia - e em especial no Estado e nas empresas públicas -, se manteve, em diferentes graus, o mesmo imobilismo e atavismo dos portos. E foi também por causa da persistência de sectores ou de profissões protegidas que no nosso país foi subindo a tal taxa natural de desemprego do gráfico do Banco de Portugal. É esse desemprego que hoje pressiona as mudanças, e um pouco por todo o tecido económico, mudanças que para muitos são bem mais dramáticas do que as previstas para os trabalhadores portuários. O problema desses muitos é que não têm o poder de choque - e de perturbação de toda a economia - de 400 estivadores.

Portanto, um estivador pode ganhar 4000 euros... Quando poderiam muito bem ser DOIS estivadores a ganhar 2000... Dá que pensar...

[enes]

eu concordo com as pedradas e com o partir tudo !!!!

sei que soa a anarquismo... mas vejamos...

o 9 de maio em França ha ja alguns anos... a soluçao para o povo foi o arrancar da calçada....

sim todos temos direito a manifestaçao.... passear pacificamente pelas ruas cantando letras de alegria ou de revolta, relembrar a revoluçao ect...

o que é que isso faz ???? nada !!! absolutamente nada !!!
os politicos até se ficam a rir !!!
olha mais uns MÓKÓTÓS na rua a revendicar nao sei o qué ...

eu para passear na rua nao preciso de ir a manifestaçoes...

agora mostrar ao governo que sou capaz de partir tudo se nao me dao aquilo que sempre tive direito e agora só porque uma senhora diz que faz e os nossos governantes querem esconder-se debaixo da saia dela......
nao ... isso nao concordo...

reparem na grecia...
aquilo ja nao tem soluçao...
a unica soluçao é sair a rua e esperando que uma camara de CNN estaja por aí parto tudo !! que é para mostrar ao mundo em que pais andamos.

EU SOU A FAVOR DE PARTIR TUDO QUE SEJA DO ESTADO !!!
porque tambem pagamos para ter... e se com os meus descontos paguei... com os meus descontos destruirei... ou digamos..
tinha trabalho, tiraram-mo devido a crise, procuro trabalho.. nao ha .. tinha casa , tiraram-ma devido a crise... tinha esposa e filhos... tiraram-ma , pois ja nao posso sustentar...

quando uma pessoa esta mesmo no fundo que faz ?

uns suicidam-se.... outros partem tudo, vao presos e sao mantidos, levando mesmo a tirar cursos na cadeia...

concordo com tudo ... discordo de tudo

MAS QUE NAO ME PONHAM NA MESMA SITUAÇAO !!!!! PORQUE SENAO VERAO DE QUE SOU FEITO !!!!

desabafo

[Miguel Martinho]

Acerca dos estivadores, eu desde início que digo que aquilo é interesse dos sindicatos que até estão a iludir certos apoiantes que estão nos 400 grevistas...